O júri de dois acusados pelo triplo homicídio do bairro Cohab, ocorrido em 2020, deve seguir até as 18h desta terça-feira (13) e ser retomado na manhã de quarta (14) no Fórum de Passo Fundo. A expectativa é que a decisão saia até o meio-dia.
Luciano Costa dos Santos, 46 anos, e Monalisa Kich, 24, são acusados de participar dos crimes que causaram a morte de Diênifer Padia (26), Alessandro dos Santos (35) e Kétlyn Padia dos Santos (15), por asfixia, em 19 de maio de 2020.
Além deles, a investigação apurou o envolvimento de outras três pessoas: o acusado de ser o mandante do crime, Eleandro Roso, condenado a mais de 60 anos de prisão; e Fernanda Rizzotto e Claudiomir Rizzotto, foragidos desde 2020.
Durante a manhã, o júri ouviu personagens-chave do caso, como a mãe de Diênifer, Catarina Margarida da Rosa, e a delegada Daniela Minetto, da Delegacia de Homicídios de Passo Fundo, que investigou o crime.
No depoimento, que durou cerca de 30 minutos, Catarina afirmou que Diênifer pediu à mãe que cuidasse de seus três filhos caso algo lhe acontecesse dois dias antes de morrer.
— A gente conversava, mas ela não era de contar muitas coisas. Mas nesse dia ela me perguntou: “mãe, se um dia acontecer algo comigo, a senhora fica com minhas três crianças pequenas?” — relatou.
Segundo a mãe, Diênifer vinha recebendo ameaças e, no início daquele ano, chegou a receber uma caixa com uma boneca mutilada e pintada com esmalte vermelho, que simulava sangue.
A investigação apontou que um dos três filhos da mulher seria fruto de um relacionamento extraconjugal com o mandante do crime, Eleandro — motivo que estaria por trás do triplo homicídio.
Conforme Catarina, a vida da família nunca mais foi a mesma depois daquele 19 de maio de 2020.
— Minha filha era tudo pra mim. Uma menina trabalhadora e prestativa. Alessandro era um homem quieto, não tinha boca pra nada, e a Kétlyn era muito querida, uma menina que saía do colégio e vinha para casa ajudar a cuidar das crianças. Hoje todos nós sofremos. Uma parte de toda a família se foi junto com eles.
De denúncias anônimas a depoimento de criança
Em seu depoimento, a delegada Daniela Minetto lembrou que o crime teve muita repercussão na cidade e, diante disso, diversas denúncias anônimas chegaram na delegacia através da comunidade. Muitas levaram a polícia aos nomes que deram início a investigação.
Segundo ela, uma das crianças que foram trancadas em outro cômodo durante a execução relatou que viu a ação pela fechadura da porta e notou que os criminosos "deixaram seus familiares com o rosto vermelho".
— Uma das crianças disse que os criminosos deixaram as vítimas vermelhas, através do enforcamento com os lacres. Ele narrou que viu toda a execução pela fechadura da porta do quarto onde os indivíduos colocaram ele e as outras duas crianças durante o crime — disse a delegada.
O que dizem as defesas
O promotor Fabrício Allegretti afirmou que o Ministério Público vai apresentar todas as provas obtidas ao longo da tramitação do processo e investigação da Polícia Civil durante o júri.
Enquanto isso, a família das vítimas aguarda pela condenação dos réus, disse o advogado Gustavo da Luz.
— A expectativa é do pedido de condenação pela integralidade da denúncia oferecida, tanto de Luciano, quanto de Monalisa, para que sejam condenados pelos três homicídios qualificados a que vem sendo acusados até o momento — disse.
A defesa de Luciano e Monalisa, representada pelo advogado José Paulo Schneider, afirma que confia na decisão do conselho de sentença e que apresentará a existência de falhas na investigação:
— Demonstraremos em plenário que existem importantes falhas nas investigações e no processo que foram determinantes para o caso. Passados mais de quatro anos, ainda há dois foragidos e a incerteza quanto à identificação dos dois executores, o que torna extremamente temerosa e preocupante a ideia de considerar que o caso esteja devidamente elucidado.