No calendário falta pouco mais de 20 dias para o início do inverno, mas na prática, as baixas temperaturas já chegaram. A quinta-feira (30) teve mínima de 6º, com sensação de 2,8º em Passo Fundo. E é o frio intenso que tem movimentado o mercado da lenha. Segundo empresários, as vendas já superam todo o inverno de 2023.
Os dias de baixas temperaturas registrados em maio, já trouxeram muitos clientes para a Teresinha e o Jorge. O casal comercializa lenha em Passo Fundo. Há dez anos no mercado, eles contam que em 2023 as vendas foram abaixo do esperado, mas nesse ano o cenário já é diferente.
— No ano passado foi ruim, teve uma semana de friozinho e nós ficamos com 60 a 70% do estoque. Esse ano é o contrário, nós estamos só com 30% do estoque — calcula Jorge.
A procura é grande e deve seguir assim enquanto tiver estoque. Eles vendem, em média, 150 sacos de lenha por dia. A camionete que faz fretes não para, só volta para a loja para reabastecer e logo sai para mais entregas.
— O estoque está baixando rápido, essa semana foi uma limpa aqui, estava tudo cheio, agora já se foi. Se seguir assim não vai mais 15 dias, uma semana, terminamos o estoque — projeta Teresinha.
Uma explicação para essa busca intensa é a projeção de um inverno mais rigoroso que o de 2023. Segundo a Climatempo, a previsão é de que sejam registrados mais dias frios e a estação, em um panorama geral, tenha temperaturas mais baixas.
Bom para os vendedores de lenha, que dizem que o estoque de 2023 ficou parado nos depósitos. Por isso, foi possível manter o preço da lenha para 2024, fator que, segundo o vendedor Luciano Ramos, também contribui para o sucesso de vendas.
— Conseguimos manter porque eu tinha bastante estoque de lenha do ano passado. Lenha seca estamos produzindo, embalando e entregando, conseguindo manter o mesmo valor do ano passado. A demanda ultrapassou já os estoques que tinha, vendemos tudo — explica.
Na casa da família Scarmin, a Jovelina e o marido Augustinho estão há duas semanas usando o fogão a lenha. O fogo tem sido companheiro para o chimarrão da manhã, para fazer o almoço e até o jantar do casal.
— Eu compro estoque (de lenha) em metro, dois metros, três metros e eu mesmo corto — diz o jardineiro Augustinho Scarmin.
Chuvas intensas afetam a disponibilidade de lenha
Com a grande quantidade de chuva registrada no Rio Grande do Sul nas últimas semanas, lenhadores não conseguem fazer o corte de árvores para que fornecedores entreguem a mercadoria. Essa impossibilidade atrasa toda cadeia de corte, processamento e entrega de lenha para empresas.
Dessa forma, uma solução é a busca pelo material em outras regiões, o que deve encarecer o preço ao consumidor final. Para quem deseja garantir o valor e a lenha para todo inverno, uma solução é a estratégia do Augustinho, que compra material para toda a estação de uma só vez.