Maria Elizabeth, conhecida como a "santinha de Passo Fundo", mantém o legado de fé ao angariar devotos de todo o Brasil mesmo 58 depois de sua morte. Neste domingo, centenas de fiéis devem se dirigir ao jazigo no Cemitério Vera Cruz, onde está enterrada, e ao Santuário Nossa Senhora Aparecida para homenagear a menina conhecida pelas rosas vermelhas e por atender aos pedidos dos devotos (veja os horários das missas no fim da reportagem).
A santa popular ficou conhecida por detalhar inúmeras vezes aos amigos e familiares como seria a própria morte. Aos 14 anos, ela foi atropelada por uma Kombi na Avenida Presidente Vargas, esquina com a rua Padre Valentin, e morreu horas depois de chegar no Hospital São Vicente de Paulo (HSVP).
— A menina faleceu, e, segundo relatos, o culto à sua memória iniciou imediatamente. Em sua homenagem, rosas vermelhas são levadas ao túmulo, tornando-se uma marca pública da devoção à falecida. Dizem que, quando uma pessoa reza para a alma de Maria Elizabeth e sente um perfume de rosas, é um sinal de que seu pedido será atendido — conta a historiadora e pesquisadora Gizele Zanotto, que coordena o Programa de Pós-Graduação em História na Universidade de Passo Fundo (UPF).
Segundo ela, registros históricos mostram que Maria Elizabeth era uma criança tranquila e bastante devota. O livro "Maria Elizabeth: uma estrela no céu," escrito pelo padre Fidélis Dalcin Barbosa e publicado originalmente em 1969, traz relatos de moradores, colegas e professores que conviveram com a menina na época.
— Nesta obra estão expostos cinco eixos que, segundo o autor, norteiam a consideração da falecida como santa: a ingenuidade e pureza, o altruísmo, as previsões e a relação ímpar com a morte, a devoção quase imediata e seus simbolismos, bem como a relação com a Igreja Católica e, por fim, as relações entre a espontaneidade dos fiéis e os rigores da beatificação e da santidade oficial — relata a pesquisadora.
Não há processo de canonização
Na Igreja Católica, o processo para proclamar um beato como santo é chamado de canonização e passa por diversas fases, que vão desde a investigação da vida até a constatação de milagre. Todo o processo é coordenado pelo Vaticano. Apesar de ter a alcunha de "santa popular" e já ter havido relatos sobre o plano de solicitar a canonização de Maria Elizabeth, até o momento não existe nenhum processo oficial em andamento na Santa Sé.
— No momento, não há nenhum processo canônico aberto. Essa movimentação deve acontecer espontaneamente e não necessariamente ser conduzida pela Igreja. Nunca fomos procurados por alguém que quisesse dar início ao processo — explica o arcebispo da Arquidiocese de Passo Fundo, Dom Rodolfo Luís Weber.
Sobre os registros de milagres da santinha, o arcebispo confirma que tem conhecimento dos fatos, mas não foram informados oficialmente.
— Os relatos de graças alcançadas por Maria Elizabeth chegam de forma informal até a Diocese, mas oficialmente ninguém chegou até nós de forma sistemática.
"Os devotos trazem uma energia diferente"
Ainda assim, o apelo em prol da santinha é nítido na cidade. Em outubro de 2007, o então prefeito de Passo Fundo, Airton Lângaro Dipp, decretou o jazigo cor-de-rosa do Cemitério Vera Cru como patrimônio histórico-cultural do município. Outra conquista foi a divulgação de uma oração autorizada acerca de Maria Elizabeth.
Enquanto isso, é comum ver devotos com rosas vermelhas próximo local onde a santinha está enterrada. Suliane Vanacor, vendedora em uma floricultura próxima ao local, conta que, ao ver devotos chegarem de longe para homenagear a santinha, também se tornou fiel a Maria Elizabeth.
Para ela, a fé dos devotos é motivadora e, em mais de 10 anos que trabalha no local, já ouviu diversos relatos de milagres e conheceu pessoas de todos os cantos do país.
— Os devotos trazem uma energia diferente. Chegam idosos, senhoras e pessoas doentes, que recorrem à fé dela. Inclusive, há pessoas até com tatuagens do rosto de Maria Elizabeth, em gratidão às graças alcançadas.
Missas em homenagem a Maria Elizabeth
Diferente dos anos anteriores, quando as missas em homenagem a Maria Elizabeth aconteciam no Cemitério da Vera Cruz, próximo ao túmulo, neste ano as celebrações acontecerão no Santuário Nossa Senhora Aparecida.
Em nota, a prefeitura e a Arquidiocese de Passo Fundo informaram que a mudança de local aconteceu devido às variações climáticas. Veja o serviço a seguir:
- Onde: Santuário Nossa Senhora Aparecida (RS-153, bairro Jardim América)
- Quando: domingo, 26 de novembro
- Horários: 8h30 e 16h