Famílias que investiram na compra de 306 apartamentos do residencial Andaluz, no município de Carazinho, no norte do RS, aguardam a entrega das chaves desde novembro de 2021. O prazo foi dado pela Tectus Incorporações, que segundo os moradores, pediu seis meses além da data prevista em contrato para finalizar os trabalhos.
De acordo com o aplicativo da Caixa Econômica Federal, a obra está 76% concluída, porém os moradores temem que o atraso se prolongue por mais tempo.
— Eu visitei o canteiro de obras algumas vezes e ainda acho que falta muito. A questão é que tudo ficou inacabado, apartamentos e as áreas externas. Algumas coisas a gente sabe que foram furtadas do local. Depois que colocaram vigilância parou, mas lá dentro tudo vai se deteriorando com o tempo — disse Adriano Rodrigues, um dos compradores.
Cada imóvel custou cerca de R$ 140 mil reais. Parte do valor foi por financiado pelos moradores. Muitos seguem pagando as parcelas em juízo, via determinação da Justiça.
Compradores estão na Justiça
Segundo o advogado Tiago Fernandes Chaves, especialista em direito imobiliário, banco e construtora são responsáveis. Ele representa 104 clientes.
— Embora a Caixa nesse caso entre como instituição financeira que emprestou o dinheiro, ela faz parte do processo como um todo, então se configura como solidária a situação. Com isso podemos acioná-la diretamente — afirmou.
Na última semana, mais de 20 decisões tiveram parecer favorável aos investidores, determinando que a Caixa indenize quem está em dia com o financiamento e providencie o término do conjunto habitacional.
A doméstica Ana Lúcia é um desses casos. Ela tinha a expectativa de já ter se mudado para a casa nova, o que não aconteceu.
— Todos nós trabalhamos e vivemos de aluguel. Os móveis sob medida que mandei fazer ficaram prontos e tive que vender. Isso aqui era um sonho e agora virou pesadelo. Todo mundo sumiu. Empresa, vendedor, banco, todos — desabafou.
O que dizem os envolvidos
Em nota, a Caixa Econômica Federal afirmou que o serviço foi encerrado com a construtora por descumprimento de prazos estabelecidos em contrato e que o seguro foi acionado. A previsão é a contratação de uma nova empresa até novembro.
A Tectus Incorporações afirmou que entrou com um recurso quanto a decisão judicial que interrompeu os trabalhos. A empresa, porém, não respondeu quanto aos motivos dos atrasos à reportagem de GZH.