Poucas funções despertam tanto o imaginário quanto a de um exorcista. Cenas de filmes pipocam na mente, mas o sacerdote Marco Antonio Jardinello garante que a realidade é bem diferente da ficção. Ele é cônego exorcista extraordinário na Diocese de Frederico Westphalen, no norte do Estado e realiza atendimentos todas as sextas-feiras na Paróquia Nossa Senhora da Paz de Seberi, onde atua.
Formado exorcista há uma década, Jardinello era padre até recentemente, quando no dia 12 de maio, foi elevado a cônego — denominação para o sacerdote que passa a auxiliar também nos processos administrativos da diocese. A presença de um sacerdote com esse cargo não é incomum, mas depende da abrangência de cada diocese:
— O padre exorcista, ou cônego, é um padre escolhido na diocese e cada uma pode ter um, dois ou mais, depende do tamanho e da necessidade. A Diocese de Frederico Westphalen abrange 56 municípios, então é grande.
Além de Marco Antonio, outro cônego também atua na Diocese de Frederico Westphalen. Jardinello especializou-se na área de exorcismos em Roma e conta que o trabalho é uma ajuda para quem possa ter abandonado a fé.
— São pessoas que precisam de ajuda, que se voltaram ao ocultismo, por exemplo, se apegaram por vontade própria, ou por outras razões, ao maligno. Fizeram algum pacto e chega um momento que o maligno cobra seu preço. Essas pessoas querem se ver livres e, às vezes, só a confissão na paróquia não resolve — explica.
O ritual é composto de orações específicas determinadas pelo bispo ou arcebispo da diocese, que são responsáveis por delegar a função a outros sacerdotes. Sem essa autorização, ele pontua, o exorcismo não deve ser realizado. Além de pessoas, o ritual pode englobar também lugares e objetos. No entanto, o exorcismo só é feito conforme diagnóstico:
— As pessoas são atendidas na paróquia, com horário agendado e a gente acompanha o caso. Depois a pessoa volta se quiser e caso não melhore, nós avaliamos se precisa do exorcismo ou outras orações, mas na maioria das vezes, o ritual não é necessário.
As orações realizadas são proferidas em vernáculo, ou seja, a língua do país. No caso do Brasil, o português — ou em latim. Das encenações cinematográficas, as poucas semelhanças estão nos itens utilizados durante o ritual: o crucifixo e a água benta.
O exorcismo na Igreja Católica
Conforme a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o ato do exorcismo se vale de rituais para expulsar espíritos malignos, seja de pessoas, lugares ou objetos que estariam atormentados por esses espíritos.
Com o exorcismo, a Igreja acredita que a pessoa ou objeto sejam protegidos contra a ação do maligno, conforme explica o Catecismo da Igreja Católica.
— Quando necessário fazer o exorcismo, é aconselhável que tenha mais pessoas acompanhando o sacerdote exorcista, seja pessoalmente junto, no mesmo ambiente, ou também à distância, acompanhando por meio de oração, do rosário por exemplo, entre outras orações. O sacerdote ou cônego exorcista faz as orações em voz alta, as vezes sozinho, e algumas vezes as pessoas entram junto — finaliza Marco Antonio.
GZH Passo Fundo
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