Por muitas décadas o futsal gaúcho era motivo de orgulho para o Rio Grande do Sul. O Estado viveu uma era de ouro nas décadas de 1990, 2000 com equipes como Internacional, Ulbra, ACBF, que dominavam a modalidade no país e formavam a base da Seleção Brasileira. Inclusive, equipes como Enxuta, Sercesa e UPF, entre outras, mostravam a sua força em duelos contra os gigantes. Porém, esse período de glórias está no passado na opinião do técnico do Brasil, Marquinhos Xavier.
Em entrevista à GZH Passo Fundo, o treinador da Seleção Brasileira de Futsal analisou o momento do da modalidade no Rio Grande do Sul. Para ele, o futsal gaúcho não tem o mesmo prestígio de décadas anteriores. O treinador listou vários motivos para esta queda no desempenho.
- Estou sendo sincero na minha resposta. O futsal gaúcho está muito distante do que já foi um dia. Isso é por questões obvias, como redução de investimento, crise na gestão de futsal, nas gestões. A gente não vê a Liga Gaúcha conversar com a Federação [Gaúcha de Futsal], o que é um absurdo. Um estado tão forte ter duas instituições que não se conversam é um grande prejuízo para os clubes – argumentou.
A culpa é das instituições que prejudicam o andamento da modalidade no estado.
MARQUINHOS XAVIER
Técnico da Seleção Brasileira
Marquinhos citou o fato de que algumas competições estaduais não dão vaga para nenhum campeonato nacional aos seus campeões e não poupou críticas a gestores da modalidade.
- Porque existem competições que não te dão conexões. Ou seja. Você vai ficar dentro do seu estado e não vai sair disso. Interesses pessoais transcendem o interesse da modalidade. Hoje, vivo no RS e acompanho de perto, inclusive, esse desgaste entre clubes e federação, entre clubes e Liga. Ao fim, prejudica o futsal de maneira geral. Espero que tenha uma solução para isso. As pessoas esquecem que a gente trabalha para a modalidade e não o contrário. A gente se acha dono do negócio e isso prejudica as equipes do Rio Grande do Sul. A culpa é das instituições que prejudicam o andamento da modalidade no estado – alertou.
Para o treinador, a falta de organização do esporte acaba se refletindo justamente na Seleção Brasileira.
- A seleção nacional de qualquer modalidade é o reflexo da modalidade no seu país. Você não vai ver uma seleção de judô ser a melhor, se o judô no país for ruim. A seleção de qualquer esporte é o reflexo da sua modalidade dentro do país. A Seleção Brasileira de futsal é um reflexo do futsal no seu país.
No entanto, Marquinhos Xavier tem otimismo com a melhora no futsal brasileiro. Em 2021, a Seleção Brasileira de Futsal passou a ser gerida pela CBF e não mais pela CBFS. Desde então, as seleções da modalidade utilizam toda a estrutura da entidade, inclusive realizam períodos de treinos na Granja Comary, em Teresópolis (RJ). No entanto, a entidade máxima do futebol ainda não assumiu a organização de competições.
- Espero que a CBF assuma o protagonismo da modalidade. Todas as seleções estão sob a responsabilidade da CBF. O futsal brasileiro ainda é coordenado pela CBFS. Acredito que a união dessas duas confederações pode levar o futsal a um patamar onde já estivamos. As cinco estrelas que o Brasil tem hoje no peito, que é a mesma do futebol por coincidência, foram conquistadas pela CBFS. Há um respeito por toda a sua história - ressaltou.
Marquinhos lembra que o presidente da CBF está bastante atento a tudo que acontece no futsal e está empenhado para a melhora da estrutura.
- O próprio presidente [da CBF] Edinaldo Rodrigues é muito atuante dentro do futsal, prestigia e dá todo o suporte. Mas é uma transição ainda. Estamos implantando coisas dentro da CBF que não existiam antes. Lidar com uma seleção de futsal é diferente de lidar com a seleção de futebol. É um caminho longo a se percorrer – analisou.
GZH Passo Fundo
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