Na última rodada da primeira fase da Divisão de Acesso, só a vitória interessava para o Passo Fundo classificar. Depois de um primeiro tempo morno, o técnico Bruno Coutinho promoveu uma alteração. O meia Gui Teixeira entrou na partida e as chances começaram a aparecer. Até que, aos 41 minutos do segundo tempo, o jogador marcou o gol da classificação. Festa do time e da torcida. Mas para o atleta foi um momento de redenção.
Isso se explica pelo momento vivido pelo jogador nos meses anteriores. No segundo semestre de 2022, Gui atuou pelo Tricolor na Copa FGF, onde chegou à final e marcou um gol na decisão. Com boas atuações, se transferiu para o Atlético Catarinense para jogar a Série A do Estadual. Porém, enfrentou muitas dificuldades. Depois deste período em Santa Catarina, retornou para o Passo Fundo para disputar a Divisão de Acesso.
- Tive um ano atípico. Sempre tive bom condicionamento físico e nunca tive problema de lesão. Esse ano quebrei a costela. Depois rompi os ligamentos e quebrei o pé. Quando voltei para o Passo Fundo fui diagnosticado com ligamento rompido e pé quebrado. Levei quase dois meses pra estrear – recordou o atleta.
Gui Teixeira, 25 anos, é natural de Passo Fundo. O gol da vitória contra o Glória não podia ser mais especial. Ainda mais dentro deste contexto.
- Tenho uma relação especial com Passo Fundo. Sou da cidade, o primeiro estádio que conheci foi o Vermelhão da Serra para assistir a primeira divisão com o meu pai. Tenho um carinho a mais por toda essa história, por ser daqui e estar no maior clube da cidade.
Na temporada 2023, ele atuou em apenas sete partidas. Apesar de não ter a condição de titular nas rodadas anteriores, o técnico Bruno Coutinho revelou que planejou a equipe para usá-lo como referência.
- O Gui é um jogador que desde o início da temporada quis montar um time ao redor dele. Ele é um cara que sabe cadenciar, sabe acelerar. Tem recursos técnicos para definir um jogo. Infelizmente sofreu com duas lesões - comentou o técnico.
O atleta começou a carreira jogando futsal na cidade e em 2008 migrou para os gramados, onde defendeu as categorias de base de um time da cidade, o Vila Nova. As atuações chamaram a atenção dos grandes clubes e no mesmo ano foi para o Inter.
- No final de 2008 fui a primeira vez para o Inter. Eles queriam que eu fosse morar lá, mas meu pai não deixou porque eu era muito novo, tinha 10 anos. Então, eu ia a cada 3 meses para Porto Alegre para treinar por alguns dias. Além disso, todo final de ano ia pra capital jogar alguns torneios. Enquanto isso, segui jogando no Vila Nova e disputamos um campeonato na França. Tinha 81 times, ficamos em quarto lugar e fui eleito o melhor jogador da competição. Começaram aparecer as propostas e o Inter me chamou em definitivo para não ter concorrência - disse Gui Teixeira.
Ele jogou na base do colorado por quase 10 anos até se transferir para o Figueirense, onde fez a transição da base para o profissional e atuou por mais quatro anos. Antes de voltar a jogar em Passo Fundo, jogou no Sampaio Correia, onde sagrou-se campeão estadual do Maranhão.
Todo esse histórico veio à tona na memória do jogador na hora do gol contra o Glória. Após o fim da partida, ele não conseguiu conter a emoção.
- Foi um alívio que tirei. Sei da minha importância para o clube. Sei do meu potencial. Fazer um gol dessa magnitude foi um alívio. Que venhma mais gols nesse mata-mata. O [Bruno] Coutinho sempre nos alertava que o gol poderia sair a qualquer momento e que era para estar muito concentrado, pois a qualquer momento poderia decidir. Eu estava com isso na cabeça, pois era de muita importância. Quando entrei me mantive concentrado e com o pensamento positivo.
Depois da euforia pela classificação, o Passo Fundo já começou a pensar no Santa Cruz, que é o adversário nas quartas de final. O jogador tem a expectativa de começar como titular, mas compreende se esse ainda não for o momento.
- Todo jogador tem essa expectativa. O Coutinho estuda muito o adversário e vai ver como o Santa Cruz joga. Sou fominha e quero jogar o máximo que der. Se precisar começar como titular estarei feliz, mas se o Coutinho entender que a estratégia deve ser diferente vou entender, porque ele quer o melhor para o time. E eu estou à disposição da equipe – frisou. Ele ainda destaca.
- A gente tem que entender que não vamos decidir no primeiro jogo. O Santa Cruz é um bom time. Com certeza será um jogo bem aberto, não vai ser retrancado como foi contra o Glória. Tem tudo para ser um jogão.
Antes do jogo de ida das quartas de final, o Passo Fundo tem um compromisso pela Copa FGF. Na quarta-feira (19), jogará em casa contra o Juventude. Porém, deverá utilizar um time reserva, visando a Divisão de Acesso.
GZH Passo Fundo
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