Há pouco mais de um mês, cem estudantes começaram a trilhar seus caminhos como futuros professores na Universidade de Passo Fundo (UPF) através do programa Professor do Amanhã. A iniciativa do governo estadual prevê um auxílio de R$ 800 e pagamento da mensalidade em cursos de licenciatura como forma de evitar o apagão de educadores previsto para o RS até 2040.
Na UPF, são cem estudantes divididos em quatro licenciaturas: História, Letras (Português-Inglês), Matemática e Ciências Biológicas. Ao todo, o RS tem mil estudantes que ingressaram no ensino superior através do programa.
O norte gaúcho conta com outras duas universidades beneficiadas: Universidade Regional Integrada (URI) de Santo Ângelo (Matemática — 53 bolsas) e Universidade Regional do Noroeste do RS (Unijuí) de Ijuí (Matemática e Letras — 37 bolsas). Todos os alunos aprovados preencheram pré-requisitos como, por exemplo, ter nota superior a 400 no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
Marcelo Santos da Rosa é um dos mais de mil candidatos que pleitearam uma das vagas em Passo Fundo. Depois de atender às exigências prévias, foi selecionado para cursar Ciências Biológicas — um sonho antigo que começou em 1998 e foi interrompido antes da conclusão.
Segundo ele, o nascimento do filho e outras situações da vida acabaram pausando o sonho de entrar para a docência. Agora, com ajuda de R$ 800 mensais e sem precisar pagar as mensalidades do curso, ele volta a buscar seu objetivo.
— No último ano tomei a decisão de realizar meu sonho de concluir o curso de Ciências biológicas e ser professor de biologia. O edital que me permitiu fazer essa seleção, então estou muito feliz por ter conseguido passar e realizar esse desejo — disse.
De olho no mercado
Apesar de estar no primeiro semestre, Rosa já planeja trabalhar o quanto antes no magistério estadual, primeiro como estagiária e depois como contratada ou concursada. O objetivo está alinhado com as exigências do edital, que define que os estudantes se comprometem em atuar por pelo menos 1.920 horas como professor na rede estadual de ensino depois de concluir a graduação.
Essa garantia, além de abrir portas às pessoas que buscavam oportunidade para estudar, também atrai pela empregabilidade ao fim da faculdade.
— Uma exigência é que, quando termine o curso, o estudante já ingresse como docente no ensino público por dois anos. Isso significa garantia de emprego, o que é muito interessante para os alunos que ingressam na universidade — disse a professora Patrícia Valério, docente da graduação e pós-graduação em Letras da UPF.
A professora Patrícia relata que é possível perceber a redução gradual pelos cursos de licenciatura nos últimos anos, um efeito que reflete no magistério estadual: na região já é possível identificar a falta pontual de profissionais da educação, como disse a coordenadora da 7ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), Carine Webber:
— Essas faltas pontuais acabam acarretando, muitas vezes, em deficiências e fragilidades na qualidade do ensino que oferecemos. É importante que exista esse planejamento a curto e médio prazo para que não tenhamos faltas que realmente impeçam o atendimento dos nossos alunos nos próximos anos.