Na data em que se celebra o dia do estudante, cerca de 60 alunos do curso de Medicina da Universidade de Passo Fundo (UPF) levaram alegria aos pacientes do Centro Oncológico Infantojuvenil do Hospital São Vicente de Paulo (HSVP). A turma lotou a sala de recreação dos pequenos pacientes, trazendo calor e arrancando sorrisos de todos.
A tradição de raspar os cabelos dos calouros da universidade foi retomada nesta sexta (11), após alguns semestres sem execução por conta da pandemia de covid-19. Todos saíram de cabeça limpinha e as meninas com pelo menos 15 centímetros a menos de cabelo, doados para confecção de perucas.
Para além da brincadeira, ações como esta também ajudam no tratamento dos pacientes, como explica o médico oncologista pediátrico Marcelo Cunha Lorenzoni. Por estarem afastados de atividades escolares ou de lazer, eles ficam restritos ao ambiente hospitalar e domiciliar, mas podem retomar o vínculo social por meio dessas atividades.
— O maior estigma do paciente em tratamento é a perda de cabelo, ocasionada pela quimioterapia. Então a sensação dessa “troca de lugares” é muito benéfica. Faz também com que os novos alunos se tornem mais perecíveis, e por algum momento, se pareçam como os pacientes oncológicos — reflete o médico.
Orgulhosa e feliz, Valdema Soares, mãe do pequeno Samuel Soares Ferreira de 5 anos, acompanhava a ação no fundo da sala. O filho está em tratamento de leucemia e ajudou a raspar os cabelos dos estudantes. A interação do filho com pessoas além do seu ciclo é o ponto principal destacado por ela:
— Isso é uma superação, porque ele não era uma criança que se comunicava com os outros. Há um tempo atrás ele nem ficaria ali sozinho, então vejo que ele está mais independente. Apesar da luta que ele está enfrentando, está evoluindo bastante e ficando mais forte.
Sensação dos calouros
Quem foi o primeiro escolhido para o corte de cabelo foi o calouro Otávio Augusto Magnanti, de 19 anos. Corajoso, ele comenta que já esteve do outro lado, e sabe como a atitude dos estudantes pode alegrar os pacientes:
— A sensação de cortar meu cabelo aqui, nesse contexto, é indescritível. Já tive problemas relacionados a tumores, e isso se relaciona a minha vontade de fazer medicina, de botar um sorriso no rosto de quem precisa.
O cabelo doado pelas estudantes é enviado para confecção de perucas em Erechim e São Paulo. Todas retornam para o hospital, para serem usadas pelas pacientes em tratamento oncológico, crianças ou adultas.
— Fazia muito tempo que não tinha o cabelo tão curto e confesso que cheguei aqui não querendo cortar. Mas vi as crianças e isso me emocionou e mudei de ideia, porque cabelo cresce — resume a estudante Antonela Fragomeni Gozzi, de 18 anos.
Como doar
Durante todo o ano o Hospital São Vicente de Paulo recebe cabelos para confecção de perucas. O único requisito é que a mecha tenha no mínimo 15 centímetros. As doações podem ser entregues na sede do hospital.