Cerca de 70 alunos da Escola Estadual de Ensino Fundamental Cacique Neenguiru, de Palmeira das Missões, município ao norte do Rio Grande do Sul, estão há três meses sem ter as disciplinas de História e Geografia. A docente que dava as aulas para quatro turmas do 6º ao 9º ano estava grávida e pediu afastamento por ter uma gestação de risco e tempo depois entrou em licença maternidade. Sem a profissional, a direção do colégio decidiu por dobrar períodos de outras disciplinas, exemplo de Matemática, Português e Educação Física. Os pais estão preocupados com a situação.
— Faltam dois anos para eles chegarem ao Ensino Médio e vão acabar indo com um aprendizado fraco porque vai ser aquela correria ali, de fim de ano, para retomar disciplinas — afirma a mãe de aluna, Simone Rebonatto.
Um chamado foi aberto no sistema integrado com a coordenadoria regional de Educação para que houvesse uma nova contratação, o que não aconteceu. O diretor, Joel Oliveira, teme que a carga horária de algumas disciplinas se esgote antes mesmo do fim de ano, criando sobras ociosas nas agendas escolares que não poderão ser preenchidas. Os boletins dos alunos foram entregues na segunda-feira (26) e as duas matérias estavam zeradas por falta de avaliação.
— Os alunos têm direito de ter a Geografia, História, é Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Então, por exemplo, se não tiver esse profissional, não se encerra o ano letivo. Terá que vir urgente. Temos essa expectativa para que logo tudo se resolva.
Também falta quem ensine as mesmas disciplinas na Escola de Ensino Fundamental Professora Carimela Pugliesi Bastos. A 20ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE) afirma que acompanha os casos e que já foi aprovada a contratação de dois professores.
— A gente vive hoje uma situação de um número grande de aposentadorias, de exonerações, nós temos licença saúde, que é um direito do trabalhador, temos também uma questão bem pontual de óbito e a gente vem trabalhando em cima dessas necessidades — salienta a coordenadora da 20ª CRE, Jogelci do Carmo de Oliveira.
De acordo com Centro dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul (Cpers), sindicato que representa os trabalhadores na educação do Estado, entre fevereiro e abril faltavam 116 professores e 90 especialistas nas escolas estaduais do Rio Grande do Sul. Quem estuda e deseja um futuro melhor, acredita que algo precisa ser feito o quanto antes.
— Começou a se tornar um desrespeito para os alunos, seu direto de estudar. A maior preocupação é de não dar tempo de recuperar o que já foi perdido, acho que vai ser bem difícil — comenta a estudante do 7º ano, Raquel do Nascimento.
O que diz a Secretaria Estadual de Educação
A Secretaria Estadual de Educação (Seduc) respondeu, por nota, que todas as solicitações são atendidas por meio de novas contratações emergenciais, convocações de professores efetivos, pela ampliação de carga horária dos docentes ou por concurso público. A secretaria também destacou que está priorizando profissionais que tenham maior disponibilidade de carga horária para atender os alunos da rede estadual.
GZH Passo Fundo
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