Até onde a educação pode te levar? Para cinco estudantes da rede municipal de Passo Fundo, o destino estava separado por um oceano, a mais de 10 mil quilômetros, em Barcelona, na Espanha.
A viagem para a primeira Cidade Educadora do mundo é resultado de um projeto educacional da prefeitura de Passo Fundo. Os alunos viajaram com a missão de apresentar os projetos educacionais desenvolvidos na cidade do norte do estado e conhecer o trabalho que estimula o ensino, que transcende as paredes da escola em território catalão.
Barcelona é a sede da Associação Internacional das Cidades Educadoras. A entidade fundada em 1994 incentiva projetos em quase 500 municípios ao redor do mundo, entre eles Passo Fundo. A cidade espanhola é pioneira na missão de educar para além da sala de aula, incentivando programas, utilizando espaços públicos e envolvendo a comunidade.
"A educação começa na infância, mas nunca termina e jamais se reduz a formação laboral ou profissional", explica a Carta das Cidades Educadoras, documento que orienta o trabalho.
Acompanhados por um familiar e um professor da escola em que estuda, Esthefani Simões, Luane Freitas Ruas, Mateus Felipe Bellini da Luz, Mei Lyn Chaves Choy e Sabrina Schmitz dos Santos embarcaram na sexta-feira (5). Foram seis dias na Espanha. O grupo de Passo Fundo visitou escolas, centros de formação, museus, espaços públicos e projetos educacionais que são referência no trabalho desenvolvido em solo catalão.

No primeiro dia em Barcelona, os estudantes foram recebidos pela Associação Internacional de Cidades Educadoras (AICE). Os jovens apresentaram cinco programas e iniciativas de Passo Fundo no âmbito de Cidades Educadoras. Para a secretária Geral da AICE, Marina Canals Ramoneda, o trabalho nas Cidades Educadoras deve integrar a comunidade através da educação:
— É uma educação que acontece em torno da educação não formal, em espaços informais. Falar de educação se referindo só a escola seria um erro, seria como falar de saúde se referindo somente a hospital. A saúde é muito mais, é prevenção, vida saudável, exercício e o mesmo acontece com a educação — reitera Marina.
Ao longo da semana, o grupo conheceu escolas e projetos realizados em Barcelona sob o princípio de uma Cidade Educadora. Na Escola Mercè Rodoreda, destaque para os programas que integram a instituição com o bairro em que ela está instalada. Nos fins de semana, a estrutura fica à disposição da comunidade.
Os alunos ainda visitaram institutos de inovação e tecnologia e espaços ambientais que buscam reduzir os impactos provocados pelas pela emissão de carbono:
— Eles diminuíram espaços para os automóveis, fecharam cruzamentos, fizeram praças e construíram espaços para pedestres. Aqui as pessoas são o foco, é muito diferente, uma ótima ideia — comenta Luane Freitas Ruas, em visita ao projeto Superilles.
Dentre as atividades realizadas no intercâmbio, a visitação à Plaça de Los Glories demonstrou, na prática, o funcionamento de um espaço integrado com a comunidade que oferece jogos, livros e espaço de recreação ao público. O secretário de Educação de Passo Fundo, Adriano Teixeira comenta a iniciativa:
— Passo Fundo tem criado espaços similares, para ofertar cultura à população. O Largo Pirovano Zanatta se aproxima desse espaço, em que as pessoas podem pegar jogos e trazer sua família para viver a cidade fora de casa. A grande questão é o nível de inclusão das atividades. A diferença que temos é que tudo é muito mais simples aqui, do ponto de vista de execução, é algo que podemos fazer na nossa cidade sem dúvida nenhuma — destaca Teixeira, que acompanhou a missão.

Durante a experiência na Espanha, o conteúdo estudado em sala de aula saiu dos livros e ganhou o mundo. Como em uma viagem ao passado, os alunos conheceram a história de Barcelona, através da cidade velha e dos espaços preservados no bairro Gótico.
As aulas de artes também se transformaram com as telas no Museu Nacional de Artes da Catalunha. Os alunos conheceram o trabalho de seus moradores mais ilustres: Antoni Gaudí. Responsável por projetos como a Sagrada Família e as casas Batlló e La Pedrera, o arquiteto foi precursor do movimento modernista catalão.
As aulas de ciências também tomaram forma no CosmoCaixa, três vezes premiado o melhor museu de ciência interativa do mundo. Espaço que encantou da aluna Mei Lyn:
— Eu amo astronomia, céus, planetas. Eu estudo isso em casa e lá consegui ver de perto. Foi meu lugar favorito de Barcelona — reflexa Mei Lyn.
Os estudantes retornam para Passo Fundo no domingo (13) com novas experiências, histórias, curiosidades e a certeza de que a educação é o principal caminho para mudar o mundo.
— Foi incrível conhecer a cidade inteira. Aprender tanto — celebra Sabrina dos Santos, de 13 anos.
GZH Passo Fundo
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