O cheiro de pipoca, som das risadas e olhos atentos da plateia são apenas algumas das partes entre tantas horas de trabalho e história dos bastidores de um circo.
No caso do Circo Ático, companhia catarinense que completa dois anos de estrada neste mês e está em temporada em Passo Fundo, as apresentações ocorrem durante a noite, de quarta a domingo.
Durante o dia, a rotina é normal: crianças vão para escola e adultos conciliam os compromissos em horário comercial.
— A nossa rotina é inversa porque trabalhamos à noite, no horário reservado para lazer da maioria das pessoas. Então normalmente tiramos a manhã para descansar ou fazer outros compromissos, como consultas médicas ou até turistar na cidade que estamos. E às tardes ensaiamos — contou o gerente-geral Alan Fabre.
Criado por uma empresa catarinense, o circo é formado pelos clássicos malabaristas, trapezistas, acrobatas e palhaços que se juntam à novidade do ballet de águas e saltos freestyle de motocicleta.
O diferencial da experiência está nos detalhes: não há apresentador nem picadeiro e os cerca de 20 atos de apresentações são costurados por shows de luzes.
Os artistas se apresentam em um palco, e a estrutura das cadeiras remete a um teatro. Tudo é intencional, como explica Fabre:
— É um trabalho feito por muitas mãos. Enquanto uma pessoa está no palco, outros sete estão nos bastidores mantendo a magia do espetáculo, seja alcançando um equipamento ou fazendo a troca de luzes, para garantir que o público esteja envolvido na história.
A equipe viaja junto dos artistas durante as temporadas de shows. São contratados profissionais como soldadores, seguranças, motoristas e até a parte administrativa. O circo também faz contratações temporárias nas cidades, incluindo vagas para a bilheteira, segurança e limpeza dos terrenos, como pintura e corte de grama.
A rotina dos circenses
Entre os artistas, há brasileiros de todos os cantos, como Pernambuco, Amazonas, Rio de Janeiro e São Paulo, e também de outros países, como Colômbia e Peru. A maioria não entrou no circo por acaso e já tinha algum familiar para influenciar na carreira.
No caso de Jonas Ramos de Souza, um dos palhaços do Ático, a influência veio do pai:
— Meu pai era trapezista e eu quis seguir também. Comecei aos 15 anos, fazendo personagem de um boneco, depois cuidei da iluminação e aos 18 anos meu pai abriu o próprio circo, eu fui ser o palhaço e não parei mais.
Hoje, aos 32 anos, dá vida ao Peperito. Segundo ele, o personagem é inspirado no modelo de palhaço estrangeiro, que diverte o público através da mímica e de efeitos sonoros feito com a boca.
A acrobata Jeycklline Alves também tem influência da família: ela é a sexta geração de artistas circenses. No circo, encanta a plateia com números aéreos em tecido e na lira (espécie de bambolê usado para acrobacias circenses).
— Eu já tentei trabalhar com outras coisas, mas não consegui me adaptar. Desde muito pequena sempre vivi no movimento, então já me acostumei. O que for repetitivo para mim não tem graça.
Circo Ático
- Onde: Parque da Gare
- Horários: de quarta a sexta-feira às 20h, e aos sábados e domingos às 15h, 17h e 19h.