Criado no Brasil durante uma exaltação vivida pelo gênero nos anos 1990, o Dia do Rock é comemorado neste sábado (13) por fãs e artistas como forma de celebrar a música. Na história local, há exemplos de artistas que romperam as fronteiras de Passo Fundo e atingiram reconhecimento nacional e aqueles que até hoje constroem esse sonho.
Para comemorar a data, GZH Passo Fundo conversa com exemplos de diferentes gerações que vivem o rock na cidade — e os desafios de manter o gênero vivo.
Entre os que ainda constroem sua trajetória na música estão os membros da banda Vermelho Brasa. Criada em janeiro deste ano, o grupo é formado por quatro artistas: Gabi Dalbosco (vocalista), Bruno Silva (baterista), Jeferson Mateus (baixista) e Luiza Varal (guitarrista).
No repertório, eles apresentam artistas brasileiros através de releituras e inserções de elementos de guitarra, baixo e bateria.
— Classificamos nosso som como “orgânico”. Nossa prioridade é tocar música brasileira, mas colocamos a nossa cara, nossa identidade. Cada um traz a referência de algo que escuta, e a gente monta, mas sempre voltando para o rock — explica a guitarrista Luiza Varal.
Apesar de atuarem juntos desde janeiro — o que pode parecer pouco perante outros grupos musicais —, o grupo tem o plano de lançar músicas autorais ainda neste ano como forma de impulsionar a banda como projeto principal de todos.
Este, segundo o baixista, Jéferson Schmitt Falkembach, é o principal desafio: apresentar um bom trabalho enquanto não é possível se dedicar totalmente a Vermelho Brasa.
— Ainda é um desafio adequar as responsabilidades da banda com as nossas rotinas paralelas. Enquanto não conseguimos viver só dela, temos que manter os outros empregos. A música exige dedicação, parar, desacelerar e reflitir sobre as letras e os sons. Às vezes é difícil fazer isso no meio da correria — diz Falkembach.
A voz da experiência
Quem já viveu esses mesmos desafios e conseguiu fazer da banda um dos principais expoentes do rock no início dos anos 2000 foi o passo-fundense Roberto Bruno da Silva Justi, mais conhecido como Beto Bruno, fundador e vocalista da Cachorro Grande.
Em 2000, ele saiu da cidade natal rumo a capital gaúcha, de onde seguiu turnê nacional até o término da banda, em 2018.
Para além de sucesso nas rádios, programas de televisão e shows lotados, a banda teve oportunidade de abrir o palco para nomes do rock internacional, como Rolling Stones, Oasis, Aerosmith, Primal Scream e Iggy Pop. Mas, para tudo isso acontecer, Beto destaca o principal passo: ir em busca dos grandes centros.
— Estes mesmos percalços eu também vivi em Passo Fundo com minha a primeira banda. Lotávamos os bares da cidade, mas só saímos dessa bolha quando fui para Porto Alegre. A partir do primeiro disco da Cachorro, em 2001, foi que consegui viver só de música. Por isso eu recomendo: faça um trabalho relevante, um disco fantástico, que não tem como passar despercebido.
Na Vermelho Brasa, dois dos quatro integrantes estão envolvidos com música para além da banda: Bruno participa de outros grupos e Gabi é estudante do curso de Música da Universidade de Passo Fundo (UPF). Todos trabalham para ter a banda como projeto principal de suas vidas num futuro próximo.
— Apesar do grupo ter sete meses de vida, queremos manter a banda pelo máximo de tempo possível. Hoje é o projeto principal de todo mundo e as autorais devem sair, pra que a gente possa mostrar ainda mais o nosso som — conclui Bruno.
Já o ex-vocalista da Cachorro Grande, após 25 anos de carreira profissional, hoje vive pequenas reformulações na carreira: o projeto solo no qual se dedica desde o fim da banda foi pausado para o reencontro da banda em turnê especial.
— Eu sempre quis ser artista e confiei no meu sonho, sabia que fazíamos um som diferente. E é um sentimento que eu tenho até hoje, continuo acreditando na qualidade do que faço. Sobre o reencontro, estou gostando da aproximação, porque sinto saudade da banda, eles são minha família. Tá sendo muito bacana, porque várias feridas estão cicatrizando, e todos acharam que seria um momento bom para gente.
Onde encontrar Vermelho Brasa
- 18 de agosto — na Cultura 24h, em Marau
- 30 de agosto — no Batatas, em Passo Fundo
Onde encontrar Cachorro Grande
- 13 de julho — no Gran Palazzo, em Passo Fundo
* A banda deve divulgar as datas dos próximos show da turnê ainda neste mês.