A adolescente Rakely Sutorillo Oliveira, de 12 anos, superou mais de 8 mil alunos de todo o país ao vencer o concurso Olimpíada Árvore, da plataforma de leitura Árvore de Livros. A jovem de Lagoa Vermelha, no norte do RS, leu (ou ouviu, no caso dos audiobooks) 118 obras em pouco mais de um mês, entre 4 de setembro e 11 de outubro.
A leitura é feita digitalmente pelo aplicativo, que contabiliza os livros concluídos. Puderam participar todos os estudantes que tiveram a sua escola inscrita na competição. Rakely conta que sempre foi uma leitora voraz, e teve o incentivo da mãe para se dedicar à olimpíada.
— Eu amanhecia e anoitecia lendo. Sempre gostei bastante de ler, sempre procurando livros novos. E também gosto muito de escrever, faço textos, histórias — diz a adolescente, que está no sexto ano do Ensino Fundamental na Escola Estadual Professora Delfina Loureiro.
A plataforma também lançava desafios semanais a serem completados, como ler um livro de gênero diferente e indicar livros para colegas, por exemplo. A mãe, Deize Sutorillo, destaca que um dos pontos positivos da plataforma é que as obras são disponibilizadas aos estudantes conforme a sua faixa etária.
— Eu fui incentivando e toda segunda-feira a gente conversava com a professora Telma, porque sempre tinha uma tarefa. Ela se dedicou muito — reiterou, orgulhosa.
Novas formas de ler
Rakely faz parte de uma nova geração de leitores, que se beneficia da facilidade de acessar livros pelo celular, tablet ou e-readers. A mudança é observada na última década, mas os últimos cincos anos tiveram aderência mais acentuada, pontua a coordenadora do curso de Pedagogia da Universidade de Passo Fundo (UPF), dra. Rosângela Hanel Dias.
— Diante dos intensos avanços tecnológicos e das mudanças de comportamento que esses avanços provocam, precisamos reconhecer que ferramentas como Kindle e os aplicativos de leitura ampliaram o acesso aos livros e aos materiais de leitura de diferentes naturezas. É preciso reconhecer as novas formas de leitura e fazer delas aliadas à formação de novos e competentes leitores — salienta a professora.
Audiolivros
Outra forma de consumir as histórias é por meio dos audiobooks, ou audiolivros. As obras são gravadas em áudio e o ouvinte pode acompanhar a narrativa sem precisar parar o que está fazendo. Porém, conforme Rosângela, ouvir um livro não é o mesmo que lê-lo.
— Esse movimento (de ouvir os livros) pode ter implicações e resultados diferentes quanto às memórias e às compreensões que são construídas, uma vez que a ação de “ouvir” um texto é diferente de “ler” o texto. Se o conteúdo do livro for mais fácil, a compreensão poderá ocorrer de forma eficaz através do audiobook, mas quando nos referimos a textos mais complexos, a compreensão exigirá um movimento de leitura mais atenta — afirma.
De acordo com ela, no entanto, a ideia não é haver concorrência entre os formatos, mas compreender quais são os objetivos ao ler ou ouvir um texto.
— O desafio, então, do meu ponto de vista, é possibilitar que as crianças e os adolescentes compreendam o que leem ou ouvem e se tornem leitores competentes — conclui.