Uma nova oportunidade para as mulheres da Associação de Recicladores Esperança da Vitória através da transformação de resíduos da indústria da moda. A oficina de costura realizada por voluntários na manhã deste sábado (26), em Passo Fundo, mostra que sustentabilidade e independência financeira podem andar lado a lado.
A atividade faz parte dos preparativos da 21ª edição da Feira de Economia Popular Solidária (Fresol) e 2ª Feira de Economia Criativa, que acontece entre 7 e 10 de novembro no norte gaúcho. Entre os itens produzidos com retalhos de tecido e restos de fibra estão bonecas e diferentes acessórios, que farão parte do tradicional desfile conceito que abre o evento.
Mas a aula de corte, costura e modelagem também pretende ensinar novas habilidades para as participantes, de forma que possam conseguir sua renda através das produções.
— O salário de recicladora é pouco, e a venda das coisas que aprendemos está dando uma renda extra e animando muito. Isso é importante, temos exemplos de mães que não estavam nem ganhando salário e hoje estão conseguindo ajudar no seu aluguel — explica Mara Sampaio, presidente da associação.
Para viabilizar as aulas, o grupo contou com a doação de máquinas profissionais. Já os tecidos chegam às recicladoras e passam por uma triagem: o que não pode ser mais vestido é material para as produções.
— Não vai para o descarte incorreto, porque o que sobra é muito pouco; de um jeans, tirinhas. Então isso é lindo! — enfatiza a presidente.
Costurar se tornou a alternativa para a comunidade do Jardim América, em especial mães. Isso porque, para participar da cooperativa de reciclagem, é necessário cumprir um mínimo de horas trabalhadas e, com a costura, mulheres com filhos podem participar de casa.
— A gente está andando melhor, com as nossas pernas. Juntos podemos fazer a diferença nas comunidades — finaliza Mara.
Novo olhar para a moda
A responsável pelas oficinas é a estilista Andrea Madke, que também assina a coleção conceito da Fresol. Ela conta que o maior foco é ensinar a técnica para que as participantes consigam produzir suas ideias, indo além dos moldes e peças que aprenderam:
— Depois a gente vai trabalhar com o crochê, pra ver se consegue trazer alguns acessórios também pra coleção e ensinar pra elas, né? Porque é também sobre dar oportunidade pra revenderem depois e ganharem a renda.
A coleção da Fresol será baseada no conceito de slow fashion, a compra consciente. O foco serão peças bem-feitas, com qualidade e duráveis, tendo como base o algodão orgânico e materiais sustentáveis, que tem menor impacto ao meio ambiente.
— A maior parte dos tecidos, hoje em dia, são de plástico, resíduos que vão ficar por gerações. A gente lida com eles como se nunca fossem desaparecer, mas a indústria da moda é a segunda mais poluente do mundo — destaca a estilista.
É uma alternativa a esse cenário que poderá ser vista na passarela da feira, às 19h30min do dia 7 de novembro, quando acontece o desfile. A união do trabalho de recicladoras com um novo olhar para a moda, mais sustentável.
Serviço
- O que: Feira de Economia Popular Solidária - Fresol
- Data: 7 a 10 de novembro
- Horário: quinta-feira a domingo das 10h às 21h
- Local: Bourbon Shopping