Por Diza Gonzaga, diretora institucional do Detran-RS e presidente da Fundação Thiago Gonzaga
O Dia Mundial em Memória às Vítimas de Trânsito, instituído pela ONU em 1995, marca uma reflexão profunda sobre a “guerra” que travamos diariamente nas ruas e estradas. Nesse mesmo ano, recolhi meu filho Thiago, de apenas 18 anos, em uma avenida de Porto Alegre. Desde então, esta expressão — guerra — nunca saiu da minha mente. Não é um exagero: as Nações Unidas registraram pelo menos 33.443 mortes de civis em conflitos armados em 2023 dentre um universo de mais de 200 mil mortos. No mesmo período, só no Brasil 33.743 pessoas tiveram suas vidas interrompidas pela “guerra motorizada” de um universo de 1,19 milhão de mortes no trânsito no mundo.
Essa guerra não acontece com tanques, fuzis, mísseis ou exércitos, mas com automóveis, motocicletas, caminhões, movidos muitas vezes pela imprudência, pelo descaso e pela falta de conscientização. Ela faz com que mães e pais continuem recolhendo seus filhos das ruas em uma dor sem fim. São vidas, com seus sonhos interrompidos.
Essa guerra não acontece com tanques, fuzis, mísseis ou exércitos, mas com automóveis, motocicletas, caminhões, movidos muitas vezes pela imprudência, pelo descaso e pela falta de conscientização
Desde 1995, me pergunto como podemos interromper essa carnificina. Criei o Vida Urgente como uma tentativa de lutar contra essa guerra, não com armas, mas com educação, amor e conscientização. No entanto, a realidade se impõe, os números permanecem altos e o trânsito segue fora das prioridades, seja dos governos, seja da sociedade, que muitas vezes aceita a violência como inevitável.
Se queremos vencer essa guerra, precisamos mudar a estratégia. A solução está em atitudes simples, mas poderosas: respeitar limites de velocidade, não usar celular ao volante, não dirigir após ter ingerido bebidas alcoólicas, praticar direção defensiva. E, além disso, influenciar os outros — ser exemplo para os filhos, alertar amigos e familiares. Nossa força está em promover uma cultura de paz no trânsito, uma resistência silenciosa, mas transformadora.
Essa guerra motorizada não deve continuar. Cada escolha consciente é uma vitória e cada vida salva é uma prova de que podemos construir um futuro diferente. Vida Urgente, porque a Vida é Tudo!