Por Dom Jaime Spengler, presidente da CNBB e arcebispo metropolitano de Porto Alegre
Há mais de quatro meses, o Estado do Rio Grande do Sul foi atingido pela maior catástrofe climática de sua história. Imediatamente, o Brasil se mobilizou para cooperar na reconstrução do Estado. Da mesma forma, o Regional Sul 3 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) tem se empenhado para auxiliar o maior número possível de pessoas que viram o fruto de trabalho de uma vida ser levado embora pelas forças furibundas de águas, como jamais visto.
Os testemunhos de solidariedade são muitos! Doações de alimentos, água, roupas, medicamentos, material de limpeza, móveis, eletrodomésticos — expressão da generosidade de muitos.
Na verdade, a solidariedade demonstrada e a caridade exercitada manifestam algo de profundamente humano
O Mensageiro da Caridade (Cáritas Arquidiocesana) — como tantas paróquias e outras entidades! — se tornou um ponto de referência para o recebimento de doações, e ao mesmo tempo, fazendo o possível para chegar o necessário a quem precisava.
Os testemunhos de solidariedade são inúmeros! O apoio aos flagelados não chegou somente em forma de doações. Também nos abrigos preparados, por exemplo, em salões das comunidades, ginásios de esportes, igrejas, escolas, universidades, casas particulares; também nas muitas cozinhas solidárias que, com o apoio de voluntários, se empenharam por preparar refeições para quem não tinha meios, condições, lugar para tanto.
Demonstrações de solidariedade chegaram de todo o Brasil! A tragédia que atingiu o Estado se tornou a razão de uma campanha de solidariedade de envergadura colossal. Infelizmente, no contexto da tragédia, também não faltaram alguns sinais nebulosos: roubos, desvios, interesses outros que não aquele de atender quem necessitou — ou necessita — de auxílio.
De onde brota o sentimento e a disposição para o exercício de tamanha onda de solidariedade? Certamente da convicção de que somos todos irmãos; que necessitamos uns dos outros! Na verdade, a solidariedade demonstrada e a caridade exercitada manifestam algo de profundamente humano. É algo que se faz, sim, em favor de alguém; mas é também testemunho de uma identidade. O nosso povo é bom!