Por Lara Lutzenberger, presidente da Fundação Gaia - Legado de Lutzenberger
Quando o fogo é tanto que a fumaça adquire dimensão continental, comprometendo a respiração de macrorregiões e cidades inteiras de países distintos, não seria exagero afirmar que nosso mundo está em chamas.
Animais de todo o tipo, minúsculos, pequenos, grandes, limitados em sua mobilidade e até mesmo os superágeis, todos perdem o fôlego para socorrer-se. Plantas jovens e também as centenárias, que se tornam imensas pela abundância de vidas alheias que acolhem, tudo sucumbe à ardência letal das chamas.
Em condições normais, passeio ao ar livre, ambientes ventilados e esporte seriam basilares para a saúde física e emocional
E o universo humano, diretamente vinculado ao que ocorre e sua próxima vítima, segue com perrengues diários, com disputas políticas e de ego, com ambições materiais e de poder fúteis, como se nada de mais grave houvesse.
Escrevo isso pensando em como manter o ânimo e seguir respirando sem medo. As autoridades recomendam o uso de máscaras, janelas fechadas e moderação nos exercícios físicos. Em condições normais, passeio ao ar livre, ambientes ventilados e esporte seriam basilares para a saúde física e emocional. Faz me lembrar da pandemia, em que os contatos físicos, também essenciais, foram terrivelmente comprometidos.
Tanta vida, tanta estória, tantas relações e o fogo as engole para sempre, talvez torcendo para um recomeço noutros termos ou apenas porque é da sua natureza e não lhe importa.
Mas e a nós? Não seria hora de toda humanidade unir-se com todos os seus recursos para cessar o fogo e a loucura pirotécnica em que nos metemos por vivermos numa festa inconsequente em que o que nos importa é o que menos importa?