Em uma demonstração inequívoca de confiança no Rio Grande do Sul, a empresa de tecnologia Scala Data Centers formaliza hoje a intenção de fazer um aporte de R$ 2 bilhões para construir uma nova unidade em Eldorado do Sul, na Região Metropolitana. A atração de investimentos de grande porte, ainda mais em uma área conectada com a economia do futuro, merece ser sempre enaltecida. A notícia adiantada pela colunista Giane Guerra (leia na página 11) ganha ainda mais relevo por ser um projeto confirmado enquanto o Estado ainda reúne forças para se recuperar das perdas da enchente de maio e pela localização, em um dos municípios mais afetados pelo avanço das águas.
Não hesitar em um projeto de tamanha envergadura significa ter a certeza de que o Estado seguirá próspero
A Scala inaugurou no ano passado, em Porto Alegre, um data center de R$ 240 milhões para atender clientes com necessidade de uma infraestrutura de TI robusta para armazenar e processar dados. Agora, amplia as suas operações como parte de um plano de expansão na América Latina. É verdade que as negociações começaram antes do dilúvio de quatro meses atrás. Mesmo assim, não hesitar em um projeto de tamanha envergadura e custo significa ter a certeza de que o Estado não apenas se recuperará do desastre climático, como seguirá próspero e competitivo.
O investimento da Scala se soma a outras confirmações recentes de iniciativas de grupos empresariais brasileiros e estrangeiros no RS. Além da importância em termos de geração de emprego, renda e negócios, aquecendo toda uma cadeia de fornecedores de produtos e serviços, estes empreendimentos representam uma injeção de ânimo nos gaúchos em um momento em que a reconstrução do Estado ainda está distante de ser concluída.
Outra grande empresa que não titubeou em voltar a apostar no RS foi a General Motors (GM). Em meados de julho, confirmou um investimento de R$ 1,2 bilhão na unidade de Gravataí para produzir um novo modelo. A gigante chilena de celulose CMPC também reiterou os planos de desembolsar R$ 25 bilhões para construir uma nova fábrica e um terminal portuário em Barra do Ribeiro. Será o maior investimento privado já realizado no Estado. Deve abrir até 13 mil empregos na fase de implantação. A todo momento surgem informações de novos planos. Na edição de ontem de Zero Hora, a colunista Marta Sfredo traz a confirmação do CEO da Gerdau, Gustavo Werneck, de que o grupo fará um aporte “robusto” na planta de Sapucaia do Sul. Ao mesmo tempo, ocorrem com boa dose de otimismo negociações para uma fábrica possivelmente de autopeças da montadora chinesa BYD no RS.
Não se ignora que as dificuldades enfrentadas pelo Estado são substantivas. Negócios atingidos pela enchente ainda tentam se recuperar, e o restabelecimento da infraestrutura não será rápido. Ainda assim, como foi registrado nos últimos dias, há sinais eloquentes de regeneração da atividade econômica na indústria, no agronegócio, na arrecadação de impostos e no mercado de trabalho. A reação já captada de indicadores de curto prazo se junta a projetos de maturação mais longa de grandes grupos para demonstrar que o reerguimento do Rio Grande do Sul está a caminho.