Por Jorge Audy, superintendente de Inovação e Desenvolvimento da PUCRS e do Tecnopuc
Vivemos um momento na história com um potencial de transformação de maior intensidade do que o registrado na década de 1970, quando novas tecnologias – como os computadores e a internet – mudaram o mundo, com impactos nos 50 anos seguintes. Esta década de 2020 é um período ainda mais transformador, com o desenvolvimento e uso da inteligência artificial (IA) em todas as áreas e com forte impacto nas relações de trabalho, nas nossas vidas pessoais e profissionais e na sociedade. Este novo ciclo levou muito menos tempo para gerar efeitos, em um mundo exponencial e interconectado.
A soberania nacional está relacionada ao efetivo domínio dos ciclos científicos e tecnológicos
Neste contexto desafiador, foi aprovado, pelo Conselho de Ciência e Tecnologia da Presidência da República, o Plano Brasileiro de Inteligência Artificial 2024-2028 (PBIA) – IA para o Bem de Todos. O documento reconhece a IA como uma revolução centrada em dados e nos processadores de alto desempenho, envolvida em uma corrida global com efeitos geopolíticos. O PBIA direciona ações estratégicas referentes aos impactos da IA sobre esferas como educação, trabalho, meio ambiente, sustentabilidade, integridade da informação e soberania nacional.
Mais do que nunca, a soberania nacional está relacionada ao efetivo domínio dos ciclos científicos e tecnológicos. Isso fica claro quando vemos países como China e Estados Unidos investindo recursos públicos da ordem de dezenas de bilhões de dólares em planos nacionais de IA.
O PBIA prevê investimentos da ordem de R$ 23 bilhões em cinco anos, um valor na escala de países como Alemanha, França e Reino Unido, gerando condições, mesmo que tardiamente, de nos posicionarmos em um contexto mundial.
O plano tem premissas fundamentais. Entre elas, destacam-se o foco no bem-estar social e a ética e responsabilidade no uso da IA.
Necessitamos de grandes projetos nacionais, como o PBIA, para gerarmos um novo ciclo de desenvolvimento, com soberania e inserção global, atentos aos impactos sociais. Este é o tamanho do desafio e da responsabilidade que temos com o nosso futuro.