Por Laís Machado Lucas, advogada, fundadora do Laís Lucas Advogados Associados e professora de Direito Empresarial na PUCRS
As empresas familiares estão suscetíveis a fatores que influenciam o sucesso de qualquer negócio — inflação e flutuações nos preços de insumos, por exemplo. Porém, uma característica particular nas organizações deste tipo é a necessidade de planejar a sucessão das lideranças. Isto porque a cada 100 empresas familiares abertas, apenas 30% chegam à segunda geração e 5%, à terceira.
Os motivos para tal cenário incluem conflitos entre herdeiros, mas não param por aí. Os fundadores também temem que a sua saída da empresa represente o fim da sua vida profissional e cause impactos financeiros na corporação. Tantos desafios, naturais no entrelace entre negócios e famílias, podem ser atenuados e até extintos com a criação de um Conselho Consultivo.
Tantos desafios, naturais no entrelace entre negócios e famílias, podem ser atenuados e até extintos com a criação de um Conselho Consultivo
O órgão é considerado um primeiro passo na seara das boas práticas de governança corporativa e visa assessorar a diretoria executiva em deliberações estratégicas. A função central é orientar e apresentar propostas, que não precisam ser aceitas pelos executivos, o que permite uma dinâmica menos conflituosa e mais produtiva e respeitosa. E o que isso tem a ver com a sucessão em empresas familiares?
Nesse ponto, o papel do Conselho Consultivo é avaliar e considerar a cultura familiar e corporativa para propor ações efetivas para a realidade daquela empresa familiar específica, incluindo a contratação de profissionais de fora do núcleo familiar para assumir a liderança, se esta for a melhor opção.
Afinal, a condução da empresa é uma missão desafiadora que pode não ser do interesse dos herdeiros (quando as vocações já estão inclinadas para outra atuação, por exemplo) ou, então, pode ser do interesse de vários herdeiros ao mesmo tempo, gerando conflito a serem resolvidos. E para que a empresa sobreviva e triunfe, deve priorizar profissionais que tenham real aptidão, capacitação e interesse nas funções exigidas. Ou seja, não basta, apenas, ser parte da família empresária.
O olhar trazido pelos conselheiros ajuda a oxigenar as reflexões e as ideias. É um caminho para alavancar os resultados da empresa, satisfazer as demandas dos stakeholders e manter as boas práticas de governança que sempre agregam maior valor aos negócios.