Por Vanderlei Teresinha Tremeia Kubiak, desembargadora e presidente do Tribunal Regional Eleitoral do RS
Nesta data, celebra-se o Dia Internacional da Mulher. Embora os inegáveis avanços rumo à equidade de gênero, as mulheres ainda estão sub-representadas nos espaços de poder, sobretudo na política.
Elas são 53% do eleitorado brasileiro. Porém, dos 513 parlamentares que compõem a Câmara dos Deputados, somente 89 são mulheres, sete delas eleitas pelo Rio Grande do Sul, Estado responsável pelo preenchimento de um total de 31 vagas. No Senado Federal, dos 81 membros, 15 são do sexo feminino, nenhuma delas eleita por nosso Estado. Dentre os 27 Estados da federação, temos apenas duas governadoras eleitas. Na Assembleia Legislativa local, formada por 55 deputados, apenas 11 são mulheres.
Elas são 53% do eleitorado brasileiro. Porém, dos 513 parlamentares que compõem a Câmara dos Deputados, somente 89 são mulheres
Conforme dados da União Interparlamentar, organização internacional que agrupa informações dos congressos de diferentes nações, o Brasil ocupa o 134º lugar na classificação mundial de equidade de gênero em casas legislativas, pior posição dentro da América Latina.
Tal cenário revela que as medidas até então adotadas, como implementação de cota de gênero nas candidaturas a cargos proporcionais, não têm gerado resultados alentadores para o combate à desigualdade.
As dificuldades com as quais as mulheres se deparam na disputa eleitoral se iniciam nas cúpulas partidárias, comandadas majoritariamente por homens. Não raro, são deixadas à própria sorte na corrida eleitoral, com campanhas preteridas por tradicionais candidatos ou, até mesmo, usadas apenas para atender às cotas.
Outro motivo para o quantitativo inexpressivo de mulheres na política é a anistia aos partidos que não realizaram os repasses mínimos de recursos a candidaturas femininas, sendo que tramita uma nova PEC estendendo o perdão ao último pleito. Ainda que as mulheres tenham conquistado o direito de votar e serem votadas há 92 anos, muito ainda precisa ser feito a fim de obtermos progressos consistentes e significativos para ampliar a representatividade feminina nos espaços de poder.