Por Vinicius Brum, vice-presidente para Saúde e Farma, Saneamento, Educação e Serviços Públicos da Falconi
O saneamento básico ainda é dos maiores desafios do Brasil para a garantia de saúde e qualidade de vida da população. Mais de 32 milhões de brasileiros vivem sem acesso à água potável e 90 milhões estão excluídos da coleta de esgoto, segundo o IBGE. Apesar dos números alarmantes, o país já trilha um caminho rumo à universalização, impulsionado por reformas, investimentos privados e novas tecnologias.
Esses avanços são resultados do Marco Legal do Saneamento, de 2020, que intensificou investimentos, resultando em parcerias público-privadas — especialmente em Estados com baixa infraestrutura. O movimento estimulou a construção e a modernização de redes de abastecimento e a expansão do tratamento de esgoto, bem como estabeleceu metas regulatórias e maior fiscalização.
Sistemas de saneamento modular e planejamento descentralizado facilitam o acesso em regiões remotas, enquanto a aplicação de inteligência artificial reduz em até 40% os custos de expansão (capex) e operação (opex)
Embora regiões metropolitanas apresentem progressos significativos, ainda há registro de profunda desigualdade no país. As áreas mais afetadas estão concentradas no Norte e no Nordeste, principalmente nos Estados do Amazonas e do Pará, onde populações rurais e ribeirinhas são impactadas pela precariedade do serviço. Em comum, essas regiões enfrentam dificuldade de acesso, alta vulnerabilidade social e falta de planejamento urbano.
Cidades menores, onde os custos de construção e manutenção são elevados, seguem sem cobertura adequada — principal desafio do Brasil para a universalização até 2033. No período, será essencial investir em tecnologia para acelerar processos e otimizar as redes já existentes.
Sistemas de saneamento modular e planejamento descentralizado facilitam o acesso em regiões remotas, enquanto a aplicação de inteligência artificial reduz em até 40% os custos de expansão (capex) e operação (opex). Digitalização, monitoramento remoto e algoritmos de predição melhoram a previsibilidade de perdas e aprimoram a capacidade de gestão.
Mesmo com obstáculos, a universalização é possível. Com tecnologias e parcerias eficientes, o Brasil poderá reduzir o déficit e oferecer condições dignas à população.