Por João Tavares, associado do Instituto de Estudos Empresariais (IEE)
A Argentina realizará em 19 de novembro o segundo turno da eleição presidencial que pode ser uma das mais importantes da história dos nossos vizinhos. Assolada por sucessivas crises econômicas e políticas e com uma inflação recorde, a Argentina é o exemplo mais próximo de por que o intervencionismo e as políticas protecionistas não funcionam. Portanto, esse momento político pode ser um grande divisor de águas, acarretando esperança tanto para os hermanos quanto para nós, gaúchos.
O incrível desempenho da candidatura de Javier Milei, segundo colocado no primeiro turno, demonstra que as ideias de liberdade estão mais fortes no nosso vizinho. Se porventura Milei vencer a eleição, o país terá como presidente um economista com visões liberais implementando ideias até então impossíveis de se imaginar em uma nação com cultura protecionista e um passado de enormes fracassos econômicos, que resultaram nessa imensa crise em que o país se encontra no momento.
O incrível desempenho da candidatura de Javier Milei demonstra que as ideias de liberdade estão mais fortes no nosso vizinho
Todavia, caso seja eleito, Milei não terá vida fácil: enfrentará batalhas necessárias, como reforma do Estado, inflação, excesso de benefícios sociais e a famosa dolarização, tema polêmico defendido por ele para tentar estancar as distorções econômicas existentes. Nos dias de hoje, a Argentina é o segundo país mais endividado do mundo. Mudar essa rota será uma tarefa desafiadora.
Outra esperança na hipótese de eleição de Milei refere-se à redução das interferências do Estado, principalmente na ala econômica, para que o país, que já foi uma das grandes potências mundiais no início do século 20 – chegou a ser a oitava nação mais rica do planeta –, volte a ter maior significância no cenário internacional, e assim retorne aos seus tempos áureos.
Acredito que somente com menor interferência do Estado na economia e na vida das pessoas é possível resolver os problemas argentinos. Cabe a nós acompanharmos e torcermos para que nossos vizinhos finalmente escolham o caminho da prosperidade e da liberdade e se livrem definitivamente dos discursos protecionistas, que levaram um país com tanto potencial a se tornar o fracasso econômico e social que é hoje. Uma mudança deste tipo faria com que nosso Estado, que é um dos maiores parceiros comerciais dos hermanos, recebesse grande impacto positivo nesta retomada da economia argentina.