Por Carlos Eduardo Richinitti, desembargador
Em 2009, o Poder Judiciário gaúcho, ao lado de várias outras instituições jurídicas, lançou o projeto Doar é Legal, contribuindo para a importante causa da doação de órgãos. Por meio de certidões, tornou-se possível atestar, sem qualquer custo e de maneira simples, a vontade de ser um doador.
O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) incorporou a iniciativa em 2010, recomendando sua aplicação nos tribunais do país. Assim, inúmeras entidades e municípios pelo Brasil replicaram a ideia, tendo sido emitidas mais de 40 mil certidões em 24 anos.
No Brasil, mais de 65 mil pessoas aguardam por um transplante, cerca 3 mil apenas aqui no Rio Grande do Sul
No dia de hoje, o Tribunal de Justiça do RS está relançando o projeto totalmente repaginado, agregando novas funcionalidades para facilitar a divulgação através das novas mídias. Agora, a vontade de ser um doador pode ser compartilhada com familiares e amigos com agilidade ainda maior.
Pela lei, quem autoriza a doação são os familiares. Infelizmente, a recusa das famílias ocorre em cerca 50% dos casos. E no momento difícil da perda de um ente querido, a abordagem dos profissionais de saúde é muito facilitada quando há conhecimento acerca da vontade da pessoa de ser doadora.
No Brasil, mais de 65 mil pessoas aguardam por um transplante, cerca 3 mil apenas aqui no Rio Grande do Sul. Essa fila, impregnada de dor e angústia, só desaparecerá se houver conscientização da sociedade e organização do Estado para incentivar a doação. A morte, embora indesejada, é inevitável. Quando chega, ou optamos por virar cinza, ou escolhemos continuar vivendo nas vidas que salvamos e que nos levarão consigo na gratidão diária pela chance de estar vivo. Haverá glória maior do que salvar um mundo?
Faustão é um homem rico e poderoso, mas isso de nada valeu para o imponderável que, batendo à sua porta, o colocou em lista de espera. A oportunidade de continuar vivendo se deve ao nobre gesto de quem aceitou doar. É essa a consciência que precisamos adquirir: estar de um lado ou de outro da fila é obra do destino, e o que fazemos hoje pode fazer toda a diferença amanhã. Por isso, declare sua vontade de ser doador de órgãos, comunique sua família e divulgue essa causa, que verdadeiramente salva vidas.