Criado em 2003 para fomentar a produção rural brasileira, o Plano Safra consolida-se como o mais importante suporte financeiro dos pequenos e médios produtores gaúchos, conforme mostrou reportagem de ZH no final de semana. Graças aos recursos garantidos pelo governo federal e disponibilizados pelos bancos oficiais para custeio de insumos, aquisição de equipamentos, melhorias nas propriedades rurais e comercialização dos produtos, agricultores se transformam em empreendedores e ajudam a movimentar a roda da economia no país.
A destinação de recursos públicos para a produção rural passa longe do assistencialismo, pois abre oportunidades reais para as famílias do campo
A história do plantador de fumo que se tornou proprietário de uma vinícola, retratada na reportagem, exemplifica bem como os recursos públicos podem ser aplicados em benefício da sociedade. Segundo o depoimento do vinicultor Sidnei Bianchi, o programa de financiamento pelo qual a União arca com a diferença dos juros aplicados no mercado é que lhe possibilita aporte para o custeio da sua produção. Mas está nos seus planos abrir mão do crédito logo que seu negócio crescer, para que outros pequenos produtores também possam utilizar os recursos oficiais, que são limitados. Esse espírito cooperativo contribui para o progresso comunitário.
Base do agronegócio no Estado, as pequenas propriedades rurais, com menos de 20 hectares, são as mais beneficiadas pelo financiamento oficial. Do total desembolsado pelo Banco do Brasil no último ciclo, a maior parte foi destinada a agricultores familiares e a médios produtores, tanto através do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) como do Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp), que são as principais linhas de financiamento do Plano Safra. Também é importante destacar neste programa de profissionalização e sustentabilidade dos pequenos produtores gaúchos a participação do Banrisul, que acaba de lançar o maior Plano Safra de sua história, com a disponibilidade de R$ 11 bilhões para pequenos e médios produtores.
A destinação de recursos públicos para a produção rural passa longe do assistencialismo, pois abre oportunidades reais para as famílias do campo e para o crescimento econômico e social do país. Quando se fala em agronegócio, algumas pessoas pensam que o conceito contempla apenas grandes produtores, empresários e propriedades geridas pela alta tecnologia. Na verdade, são os pequenos produtores que estão na base da cadeia da produção primária. De acordo com o Censo Agropecuário do IBGE, 5 milhões de propriedades agrícolas ocupam aproximadamente 40% do território nacional – e, destas, 3,8 milhões pertencem a pequenos produtores.
Por isso, enquanto os grandes produtores podem recorrer ao mercado de capitais privados para financiar seus negócios, os pequenos e médios continuam dependendo de créditos públicos para sobreviver, prosperar e ajudar a manter o agronegócio como setor responsável por quase 30% do Produto Interno Bruto nacional.
Iniciativas como o Plano Safra costumam ser avaliadas em gráficos econômicos, números e cifrões, mas também podem ser vistas – como mostrou a reportagem de ZH – pelas histórias de vidas transformadas graças ao incentivo e ao reconhecimento do trabalho bem-feito.