Por Mauricio Harger, diretor-geral da CMPC Brasil
Ninguém chega à maturidade sem enfrentar desafios. Essa é uma verdade que pode ser aplicada em diferentes âmbitos – desde a vida pessoal até o setor corporativo. Uma máxima que vale, inclusive, para o processo de consolidação das políticas do ESG (sigla em inglês para responsabilidade ambiental, social e de governança corporativa). Nos últimos tempos, não faltaram percalços para o avanço dessa pauta.
Já existem, inclusive, agências de rating que incluem a pauta nos critérios de mensuração das empresas
Um exemplo foi a guerra na Ucrânia, que atrasou o cronograma de transição para fontes de energia renováveis na Europa. Já os Estados Unidos viram surgir uma onda anti-ESG. Há um movimento que tenta deslegitimar a preservação dos recursos naturais, imputando à pauta um mero rótulo ideológico. O Brasil também teve seus tropeços, com más notícias relacionadas ao desmatamento e a quebras na transparência contábil de grandes players. A boa notícia é que esses obstáculos não brecaram a marcha do ESG entre as grandes corporações.
Uma recente pesquisa da Accenture com 2,6 mil CEOs de 128 países apontou que 98% deles concordam que sustentabilidade é assunto primordial em seus cargos. O resultado é 15% superior a um levantamento semelhante feito 10 anos atrás. Outra pesquisa – esta da consultoria EY – mostrou que 78% dos investidores globais apoiam a adoção da agenda ESG pelas empresas. Mesmo que isso, eventualmente, atenue lucros de curto prazo. Mais ainda: 99% deles disseram levar em conta as divulgações ESG das empresas na hora de decidir para onde destinar seus aportes.
Outra boa notícia: atualmente, o Brasil tem mais de 360 “empresas B”. Trata-se de um movimento global que busca redefinir a economia com base no bem-estar das pessoas e do planeta, e não só no aspecto financeiro. A projeção do Sistema B Brasil, responsável pela divulgação dessas iniciativas, é de que o segmento fechará 2023 tendo cumprido todos os requisitos básicos da agenda ESG.
Números e projeções assim demonstram o caráter robusto alcançado pelo ESG em âmbito nacional e global. Já existem, inclusive, agências de rating que incluem a pauta nos critérios de mensuração das empresas. Ou seja, apesar das tensões, o ESG está suficientemente firme para resistir às intempéries e seguir avançando. Não há mais espaço para retrocessos.