Por Daniel Randon, Presidente das Empresas Randon e do Conselho do Transforma RS
Nações bem-sucedidas praticam políticas econômicas em linha com a atração de investimentos, especialmente em infraestrutura para dar suporte ao desenvolvimento. Para isso, mantêm uma máquina pública do tamanho adequado ao fôlego financeiro dos cofres públicos e proporcional ao tamanho do PIB do país. Também exercitam simplificadas políticas tributárias oferecendo segurança jurídica aos setores geradores de empregos.
Eis uma referência para o Brasil, que precisa entender a dinâmica do mercado. Também é necessário aceitar a política monetária do Banco Central, que define as taxas de juros, como um eficaz e mais rápido instrumento de controle da inflação. Inflação alta é uma mazela que afeta o crescimento e aumenta ainda mais as desigualdades sociais.
Basta um olhar para fora das fronteiras brasileiras para ver que é grande o número de países que adotaram esta receita com sucesso. Coincidência ou não, todos contam com bancos centrais independentes, que são instituições de Estado e não de governo. O vizinho Chile é um deles. Outros mais distantes são Japão, Coreia do Sul, Tailândia e África do Sul. Entre outros, a lista segue com Estados Unidos, Suíça, Suécia e os membros da zona do Euro.
Forçar os juros para baixo pode ampliar o consumo, mas acelera a inflação com prejuízo à população de baixa renda
Na contramão da história, o Brasil ensaia um retrocesso com efeitos sabidamente nocivos como atestam especialistas de diferentes correntes ideológicas e, inclusive, integrantes do próprio governo. Ao que parece, a intenção não conta com o apoio do Congresso que aprovou a autonomia da autoridade monetária demonstrando a importância da independência dos poderes.
O questionamento sobre a independência do Banco Central, numa retórica claramente voltada a apoiadores, gera volatilidade e insegurança para investimentos privados, elevando ainda mais os juros e inibindo o consumo da população de baixa renda.
Juros menores resultam de ações que tragam maior eficiência e um ajuste fiscal, com reformas administrativa e tributária e com abertura de novas oportunidades de negócios, a começar pelo Mercosul, como já vem sendo sinalizado com as articulações iniciadas. Também é fruto da confiança nos fundamentos econômicos internacionalmente consagrados até mesmo para alcançar a missão prometida de diminuir a pobreza. Isto pode ser feito com políticas sociais viáveis e bem-vindas. Responsabilidade social e fiscal não são incompatíveis.