Alfredo Fedrizzi, conselheiro e consultor
Final de ano, momento de reflexões. De planejar o novo ano. Vivemos tempos sombrios: pandemia, isolamento, eleições, polaridades, desconexão. Tempos de muitas mexidas externas e internas. Fomos perdendo o contato pessoal. Nos desconectando de familiares, amigos, vizinhos e colegas. Com a chegada das festas de final de ano, vamos escolher estar juntos, conectados ou desconectados? Como a neurociência já comprovou que fomos programados para nos conectar, a maneira como nos conectamos com os outros tem uma importância enorme. Nossa sensação de bem-estar depende, até certo ponto, de como as outras pessoas nos veem. Daniel Goleman, no livro Inteligência Social, afirma que “nosso anseio por conexão é uma necessidade humana essencial, no mínimo para servir como um amortecedor à sobrevivência”.
Muitos de nós, como eu, aproveitam para fazer uma seleção de nossos afetos. Não é tarefa fácil. Nos exige emocionalmente, porque uma parte de nós deseja conviver com as pessoas que amamos, independentemente de como elas agem ou pensam a vida. Muitas vezes não gostamos de quem nos tornamos diante do outro. A psicanalista Chris Ganzo diz que existem pessoas que o melhor que podemos fazer por nós e por elas é seguir amando-as, de longe.
Não é com todas as pessoas que vamos querer nos conectar. E está tudo bem. Isso faz parte do nosso viver.
Há pesquisadores que dizem que nos tornamos um mix das cinco pessoas com quem mais convivemos. Então, é bom escolhermos estar perto daquelas com quem nos sentimos bem. Até porque emoções são contagiosas. Quem escolhemos ser, nosso humor, como nos expressamos, nossa amorosidade influenciam o ambiente em que estamos. Se queremos cuidar bem de nós próprios, recomendo muita atenção com quem escolhemos conviver. Estar muito tempo perto de pessoas que não nos respeitam, não nos valorizam, não admiram quem escolhemos ser faz mal a nossa vida!
Há pesquisadores que dizem que nos tornamos um mix das cinco pessoas com quem mais convivemos
Tenho um amigo que, todo final de ano, faz uma limpeza na agenda de contatos: quem deve continuar ali no próximo ano e quem deve ser apagado. Assim ele escolhe com quem deseja se conectar. Um bom presente de Natal para nós próprios talvez seja escolher estar perto de pessoas bem-humoradas. Goleman, de novo: “O cérebro humano prefere rostos sorridentes. O riso pode ser a distância mais curta entre dois cérebros”. Neste final de ano, se você estiver sem motivação para encontrar amigos ou familiares que estiveram distantes de você porque fizeram escolhas diferentes, respeite o seu coração: se pede conexão, estabeleça! Se pede afastamento para curar as dores, respeite-se. Porque sim, é possível amar longe.