Por Daniel Randon, Presidente das Empresas Randon e do Conselho do Transforma RS
Entre outros impactos, a guerra entre Rússia e Ucrânia está levando ao retrocesso no uso de energias não limpas, caso da Alemanha e outros países, que voltaram a consumir carvão, comprometendo perigosamente os acordos globais de clima projetados para 2030 e 2050. O preocupante fato tem que ficar isolado para não contaminar nem alongar o árduo caminho de conquistas na direção de um planeta sustentável.
Particularmente, prefiro acreditar no contrário e que o corte de gás sirva para acelerar a criação e implantação de projetos de energias renováveis em todo o mundo. Com 82,9% de sua matriz elétrica sustentada por fontes não poluentes como a solar, a eólica e a hidrelétrica, o Brasil tem vantagens importantes para seguir esta direção, graças à diversificação de fontes. Dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) confirmam que a matriz energética brasileira é formada por 48,4% de fontes renováveis, para uma média mundial de 14%. No RS, segundo a Aneel, as energias renováveis respondem por mais de 76% da capacidade instalada para geração de energia elétrica.
Interrupção de abastecimento de gás, em função da guerra, tem que servir para acelerar projetos de energias limpas no mundo
É animador saber que muitas são as iniciativas no mundo e no nosso país que dispõem de variadas e abundantes fontes de energia renováveis competitivas globalmente. São alternativas responsáveis que garantirão nossa sobrevivência. A propósito, na última semana, anunciamos investimentos nas Empresas Randon em geração de energias renováveis para abastecimento próprio a partir de uma usina fotovoltaica. O projeto está alinhado aos nossos propósitos e princípios dentro da crença de que esta é a saída para a perpetuação da companhia. E dá suporte para o compromisso assumido de redução dos gases de efeito estufa em 40% até 2030.
Devemos ficar atentos aos novos negócios a partir de energias limpas, o que envolve desde financiamentos subsidiados a outras oportunidades como o crédito de carbono, um mercado crescente. E o ESG tem que estar na estratégia das organizações, desafiando as lideranças a perseguirem suas metas para o equilíbrio ambiental, social e econômico. Além de trazer vantagem competitiva pela agregação de valor à marca e ao produto junto aos stakeholders, também oportuniza a criação de novos negócios, realimentando o ciclo de crescimento.
Não há bala de prata quando o tema é aquecimento global. E não serão exclusivamente ações oficiais de governos que vão resolver o desafio, e sim um conjunto de medidas. A inovação tecnológica e o investimento público e privado em novas soluções são fundamentais nessa missão.