Ely José de Mattos, economista e professor da Escola de Negócios da PUCRS
Quando se ouve que um profissional é pouco produtivo, a nossa primeira interpretação é a de que ele trabalha pouco, faz cera, não é comprometido. Não está errado. Profissionais assim produzem menos, claro. Mas, é mais do que isso. Trabalhadores pouco produtivos são aqueles que produzem baixos valores por hora trabalhada, independentemente do total de horas que se trabalhe no dia ou da dedicação do indivíduo. Produtividade é uma medida de eficiência na conversão da hora trabalhada em valor.
Segundo o Observatório da Produtividade da FGV, o brasileiro produziu, em média, R$35,1 por hora trabalhada em 2021. Esse valor representa apenas ¼ do que produz o norte-americano, para você ter uma ideia de patamar. E está assim há bastante tempo: a produtividade agregada cresceu modestos 0,9% ao ano desde 1995.
Algumas questões como burocracia e regulação se associam a estes resultados ruins. No entanto, a principal responsável pela baixa produtividade no Brasil é a qualidade da educação básica. A média das crianças e jovens brasileiros está ancorada em bases educacionais muito frágeis para se forjarem profissionais altamente produtivos.
Educação básica não forma apenas bons profissionais. Ela forma cidadãos!
Os resultados da avaliação da educação básica do RS, divulgados recentemente pela Secretaria de Educação, são desanimadores: 92% dos alunos matriculados no terceiro ano do ensino médio tem desempenho abaixo do básico em matemática; em português este contingente é menor, mas ainda preocupante, atingindo 62%. Isso significa, por exemplo, que a maioria dos alunos encerrando o ensino médio não sabe lidar com progressões aritméticas e geométricas!
Independente da atividade que se execute, a educação básica de qualidade habilita o indivíduo a realizá-la sempre da melhor forma possível, com sua evolução profissional se tornando um processo natural, gerando valor e renda. Uma pessoa com formação deficitária, porém, tende a entrar em círculo vicioso: ao produzir pouco também ganha pouco, o que torna cada vez mais difícil a sua evolução profissional, amarrando também o crescimento econômico _ todos perdem.
Por fim, cabe destacar que educação básica não forma apenas bons profissionais. Ela forma cidadãos! Precisamos melhorar a educação não apenas para gerar crescimento, mas também para construir uma razão pública de qualidade, que é libertadora.