Por Daniel Randon, Presidente das Empresas Randon e do Conselho do Transforma RS
Ninguém contesta que a educação é transformadora e base para um desenvolvimento harmônico e sustentável. Sabemos também da relevância do pensamento analítico e inovador para a vida e para o mundo do trabalho, que exigem lideranças com flexibilidade e resiliência no enfrentamento de dificuldades e na resolução de problemas.
O que se vê, entretanto, é o perigoso avanço de uma legião de jovens sem propósitos. A chamada “Geração nem-nem” já passa de 12 milhões de brasileiros. São pessoas de 15 a 29 anos que vivem sem trabalhar e sem estudar no Brasil. Um número assustador que deve ter aumentado ainda mais com o isolamento social imposto pela pandemia, principalmente por causa do crescimento da desocupação ocasionada pela falta de emprego ou afastamento do estudo.
São cidadãos à margem do conhecimento e da experiência adquiridos somente em ambiente escolar e no trabalho, duas forças capazes de gerar oportunidades e garantir protagonismo ao indivíduo e à Nação.
Onde falhamos como sociedade na missão da formação da cidadania em seu conceito amplo de dignidade? A resposta é sabida e não há tempo a perder. Governos e iniciativa privada precisam unir esforços priorizando a educação, única forma de resgate de uma população jovem marginalizada que fará enorme falta ao desenvolvimento equilibrado, já no curto prazo, assim que a economia retomar seu curso.
É urgente resgatar a população jovem sem as habilidades adquiridas na escola e no trabalho.
Entre outras iniciativas, precisamos garantir a educação integral com sete a oito horas na escola, a exemplo de outros países, incluindo atividades que desenvolvam habilidades cognitivas e comportamentais, como a prática esportiva, especialmente as coletivas, que promovem o espírito de cooperação e a empatia. Também auxiliam nas habilidades sociais e emocionais como resiliência, determinação e capacidade de lidar com derrotas.
Vamos aproveitar a crise para gerar mudanças com a transformação digital, usando as tecnologias para um ensino mais moderno, eficaz e prático. Juntos, temos que encontrar o caminho para preencher esta triste lacuna que se agiganta.
O desafio, obrigatoriamente, passa pela educação. E a solução passa, urgentemente, pelo trabalho conjunto da iniciativa privada, poder público e sociedade em busca de um futuro próspero.