Por Daniel Randon, Presidente das Empresas Randon e do Conselho do Transforma RS
Dia 30 completaremos dois anos desde que a Organização Mundial da Saúde classificou o surto como emergência de saúde pública, reconhecido como pandemia em março de 2020. Foi – e continua sendo – um período desafiador e de enorme aprendizado para as pessoas. A pandemia mudou as reais necessidades e reforçou a capacidade adaptativa e colaborativa do ser humano. Saúde e sobrevivência viraram prioridades. A ciência compartilhou conhecimentos em torno da nobre causa de salvar vidas e, sem fronteiras, desenvolveu vacinas em tempo recorde.
Apesar do distanciamento, os relacionamentos humanos ganharam intensidade. A parada forçada nos levou a dar maior peso aos valores familiares, aos amigos e às simples rotinas, constantemente relegadas a segundo plano.
Os modelos de negócios também passaram por notáveis transformações. Este período será sempre lembrado como o reinado das lives e videochamadas, que evitaram deslocamentos e abriram tempo e espaço para o ócio criativo, mostrando que novas formas de trabalho são possíveis e produtivas.
É tênue a linha entre o que é direito do cidadão e dever do governo com manipulação de massas
O home Office, entretanto, não se aplica a todas as atividades, o que requer maior equilíbrio entre trabalho, saúde, direitos e deveres. A gestão ficou mais descentralizada e, ao dar maior autonomia às pessoas, saiu do formato de tarefas para o de propósito. Foram mudanças possíveis com o avanço da transformação digital acelerando o empreendedorismo e a inovação.
Enquanto proliferam os negócios ancorados no admirável mundo da tecnologia e do conhecimento, aprofundou-se o perigoso e nocivo sistema intervencionista dos Governos. A Covid-19 combina uma mobilização urgente, com uma experiência de dor coletiva. Quebrou tabus econômicos e deu luz ao que antes eram ideias radicais, resultando em um Estado mais “cheio” e intervencionista.
A emergência foi aproveitada para tomar ações que colocam em questão a liberdade individual das pessoas e a democracia. Há uma linha muito tênue entre o que é direito do cidadão e dever do governo e a manipulação de massas.
Chegamos a um momento muito preocupante da história. Vivenciamos polarizações que dificultam a construção de um consenso que leve a soluções construtivas, o que se agrava ainda mais em ano de eleições quando interesses individuais se sobrepõem ao coletivo.
Que em 2022 sejam tomadas decisões comprometidas com um propósito comum. E que os cidadãos tenham a consciência da responsabilidade
individual e coletiva com a saúde, sem a urgência da obrigação, que abre caminho para o famoso “jeitinho” de burlar as regras impostas, sempre em prejuízo de todos.