Os números da Secretaria Estadual da Saúde (SES) indicando que mais de dois terços dos municípios do Rio Grande do Sul não registraram mortes por covid-19 em agosto comprovam as expectativas de que a vacinação seria a grande arma para deter a pandemia. É nítido que, de acordo com o avanço da imunização, nos últimos meses, também caem os números de mortes pelo novo coronavírus. Note-se que, no mês imediatamente anterior, em julho, menos da metade das prefeituras não havia registrado vítimas fatais. Agora, inclusive cidades médias celebram não ter uma vida sequer perdida para o vírus que atormenta o mundo desde o início de 2020.
Por trás desse resultado está o esforço dos profissionais da saúde, assim como o engajamento da sociedade civil organizada, do poder público e da população
O Rio Grande do Sul é uma das unidades da federação com a vacinação mais adiantada. Mais de 40% da população têm o esquema completo, com duas doses aplicadas ou uma, no caso do fármaco da Janssen. É uma consequência, sem dúvida, da esmagadora adesão do poder público e da sociedade à estratégia, comprovada pela ciência, de ter a imunização como principal meio para barrar a transmissão e evitar casos graves e mortes. A vacinação só não é mais rápida pela indisponibilidade de doses. A grande aderência mostra que a conscientização venceu as insidiosas campanhas de desinformação que, apesar de ainda não terem cessado, conseguem plantar a semente da dúvida em um número cada vez menor de pessoas.
O bom desempenho das campanhas de vacinação conta com a contribuição do Movimento Gaúchos Unidos pela Vacina, que fez ontem a prestação pública do auxilio a 270 municípios com R$ 1,1 milhão em doações viabilizados por Yara Brasil, Instituto Gerdau e Instituto Helda Gerdau Johannpeter (confira reportagem na página 22). Freezers, câmaras de conservação, caixas térmicas com termômetros, entre outros itens, foram repassados para prefeituras com o objetivo de municiar as equipes de saúde com os equipamentos necessários para solucionar carências e dar agilidade e qualidade à imunização. Em nível nacional, a mobilização tem à frente o Grupo Mulheres do Brasil, presidido pela empresária Luiza Trajano e, no Estado, conta com o apoio de empresários e de entidades, entre elas a Associação Gaúcha de Emissoras de Rádio e Televisão. A conexão entre as empresas doadoras e as regiões beneficiadas foi feita pelo Instituto Cultural Floresta.
São múltiplas as razões que levam o Estado a ver cair sensivelmente a quantidade de mortes por covid-19. Depois do pico em março, com 8,4 mil óbitos, os números caem há cinco meses consecutivos. Em agosto, o Rio Grande do Sul somou 764 vítimas fatais, menos da metade de julho. Os números ainda são elevados e a mobilização deve continuar, sem que isso ofusque o reconhecimento dos avanços. A curva indica que se está no caminho certo, o que possibilita novas flexibilizações para atividades econômicas. Por trás desse resultado está o esforço dos profissionais da saúde, nos pontos de vacinação e nos hospitais, assim como o engajamento da sociedade civil organizada, do poder público e da população. A pandemia, no entanto, ainda não foi vencida. O comprometimento coletivo com medidas não farmacológicas, como uso de máscara e distanciamento, segue indispensável como escudeiro da vacina.