Cerca de 97% dos cientistas do clima apontam que estamos passando por uma mudança climática causada pelo homem. Do ponto de vista técnico-científico, mudança climática não é mera questão de opinião. É um fato observável. De qualquer modo, é importante que a ciência chegue à população do modo mais claro possível, para que as pessoas formem tomem decisões de modo consciente, dentro dos limites da verdade científica.
No ano passado, através de parceria entre o ITS Rio, Yale Program on Climate Change Communication e o Ibope, foi realizada uma pesquisa sobre o que os brasileiros pensam em relação a mudança climática. Os resultados apontam que 92% acreditam que o aquecimento global está acontecendo – sendo que 76% responderam que a causa é humana. Ainda, 86% se declararam preocupados ou muito preocupados com a questão. Este resultado indica, inclusive, que os brasileiros acreditam mais na mudança climática causada pelo homem que os americanos, onde esta pesquisa é realizada anualmente.
Ainda assim, é clara a necessidade de ampliar a comunicação ambiental para avançarmos na consolidação da percepção de urgência de ações pró-clima. Nesta semana o IPCC, painel de cientistas vinculado à ONU, fez um tremendo avanço na divulgação de novos resultados e no modo de comunicá-los.
É clara a necessidade de ampliar a comunicação ambiental para avançarmos na consolidação da percepção de urgência de ações pró-clima
Primeiro, o alerta mais direto: para limitar a elevação da temperatura da Terra em 1,5°C é necessária ação imediata! Isso significa cortar pela metade as emissões em 2030. Obviamente, isso exige ação rápida e enérgica, que envolve não apenas governos e cientistas, mas o comprometimento de todas as pessoas.
Aí entra a questão do convencimento. O IPCC, pela primeira vez na sua história, divulgou relatórios que apontam com clareza o quanto os eventos extremos estão aumentando em função do aquecimento global. Para ficar em apenas um exemplo: temperaturas extremas que ocorreriam, sem a presença humana, a cada 50 anos, têm ocorrido 4,8 vezes mais; se alcançarmos 1,5°C adicionais, ocorrerão 8,6 mais vezes. Ou seja, aquele calorão cada vez mais frequente é culpa, sim, do aquecimento global.
Se, por um lado, o relatório desperta muita preocupação, de outro, nos oferece mais insumos para compreendermos o quão tangível tem se tornado o aquecimento global. Está enterrado o argumento “calorão sempre teve”. Agora, sabemos que sempre teve, mas estão cada vez mais frequentes. E isso é alerta máximo.