O segundo turno é a oportunidade para conhecer melhor as propostas das duas candidaturas mais votadas na primeira fase das eleições. Principalmente, surge como a chance de os postulantes às prefeituras detalharem os seus planos de governo e mostrarem que são exequíveis.
O primeiro turno é, muitas vezes, caracterizado pela diluição das atenções devido ao elevado número de concorrentes. Os espaços nos horários gratuitos de rádio e TV são mais exíguos e, nos debates, é praticamente inviável aprofundar as ideias sobre como resolver os problemas que afligem a população. Como se isso não bastasse, boa parte do tempo é gasto com ataques e tentativas de desqualificar os adversários, uma postura que pode agradar a militantes e convertidos, mas é cada vez mais rechaçada pela maioria de eleitores não engajados, que anseiam apenas pelo melhor para os municípios onde vivem.
É o cotejo de propostas que deve preponderar, de forma muito mais racional do que emocional
Espera-se, portanto, que nas cidades gaúchas com segundo turno, os candidatos concentrem-se em proposições para convencer os votantes de que são a melhor opção, e não apenas se esforcem para desconstruir o oponente, apelando para radicalizações. É o cotejo de propostas que deve preponderar, de forma muito mais racional do que emocional. Esta é a grande vantagem desta nova eleição que será decidida no dia 29 de novembro e terá reflexos nos próximos quatro anos. Tempo de horário gratuito maior e igual para ambos e a possibilidade de debates mais produtivos e menos truncados contribuirão para uma melhor possibilidade de confrontação de programas, ajudando o eleitor a formar ou firmar sua convicção.
Mas tão importante quanto apresentar propostas é explicar, de forma coerente, como serão realizadas, indicando a origem de recursos e viabilidade legal, obedecidas as competências de cada poder e a hierarquia entre as legislações federais, estaduais e municipais. Caso contrário, as eleições se tornam um mero concurso de boas intenções e promessas. Fórmulas mágicas costumam se transformar em frustrações e, por isso, é dever do eleitor exigir e ficar atento aos esclarecimentos de como as ideias serão concretizadas – ainda mais em um tempo de severas restrições orçamentárias que já atingiam os municípios e se agravaram com a pandemia.
Outra característica do segundo turno é a exacerbação da rivalidade, pelo fato de ser uma disputa apenas entre duas candidaturas. A radicalização, a disseminação de notícias falsas e a compra de votos, direta ou indiretamente, não são compatíveis com a democracia. Fontes de financiamento claras completam a equação necessária para que o voto popular cumpra com o seu papel de pilar do sistema democrático.