Por Walter Lídio Nunes, vice-presidente da Associação Gaúcha das Empresas Florestais (Ageflor)
Vivemos uma guerra em que a primeira batalha a ser vencida é salvar vidas. Vencendo esta, seguem outras para ativar a economia, minimizar os problemas sociais e iniciar uma nova realidade. Entre os pontos a enfrentar, está o encaminhamento das eleições municipais, cujos adiamento e unificação com as eleições de 2022 se justificam pela necessidade de isolamento e pela oportunidade de ganhos sociopolíticos.
As eleições municipais promoverão mobilizações, convenções, "bocas de urna", trânsito de materiais eleitorais e outras atividades que colidem com as orientações da OMS de evitar contato físico e aglomerações. Corre-se o risco, inclusive, de possíveis lockdowns regionais.
Há que se considerar, também, que as disputas políticas estarão polarizadas, num clima emocionado por mortes, isolamento e danos socioeconômicos que descaracterizaria a discussão das ações evolutivas para a nova realidade.
O foco dos prefeitos deve ser o povo, não as eleições; mas em plena pandemia, suas atenções seriam desviadas. Durante a campanha eleitoral, são proibidas assinaturas de convênios/licitações/contratação de obras, o que engessaria a agilidade nas ações críticas de interesse da sociedade neste momento. Apesar da crise fiscal, os recursos de socorro seriam geridos com enfoques eleitoreiros/clientelistas; candidatos à reeleição contariam com doações, ações e uso da máquina pública, desequilibrando a disputa. Portanto, circunstancialmente, seria vantajoso manter os atuais mandatários de cargos – mais inteirados da crise – num clima sem pressões eleitorais.
Tendo em mente que a prioridade nacional, agora, deve ser o sistema de saúde, nada mais justo do que a destinação do fundo eleitoral e dos gastos decorrentes da organização do pleito para atendê-lo. Ademais, o adiamento e a unificação das eleições em 2022, com mandatos de cinco anos, oportunizarão discutir o danoso princípio da reeleição para cargos executivos e desfazer a tradicional alavancagem política das eleições descasadas. A não reeleição renovará a política e estimulará o mandatário a usar o seu mandato em prol de uma agenda de Estado, não da "próxima eleição". A unificação em 2022 será uma solução circunstancial que trará benefícios para a sociedade e um passo importante para iniciar uma reforma política. É o momento de ver quem está do lado dos interesses do povo brasileiro ou do corporativismo político.