Por Fabiano Dallazen, procurador-geral de Justiça
Há três décadas o Brasil ganhou um modelo constitucional que aspira uma democracia verdadeira, com liberdade, responsabilidade e oportunidades. À nossa geração coube fazer da letra constitucional uma realidade e avançamos muito em trazer cidadania ao dia a dia do país. Ainda há muito para fazer e, sob qualquer aspecto que se olhe, o Estado e o servidor público são partes essenciais neste processo.
É verdade que crises graves e profundas multiplicaram-se nos campos político, institucional e econômico. Diante da explosão contínua de novas revelações o país sangra. Sofremos as consequências de assaques produzidos pela união nefasta e muito antiga de elites econômicas e políticas (corruptos, demagogos, reacionários...). A corrupção e a incompetência que geraram esse caos em termos de déficit público, miséria, atraso cultural, desemprego e subfinanciamento de políticas públicas. Não o seu enfrentamento, não o servidor público.
Mas vivemos tempos estranhos. Associados dessa mesma casta, que ignora o senso mínimo de bem comum, agora menoscabam o servidor público perante à população, atribuem-lhe a culpa quase exclusiva pela crise, diminuem garantias e afrontam direitos que atraem bons profissionais às carreiras de Estado. Deliberadamente sufocam o moral dos servidores.
Não podemos nos deixar abater. Vamos reagir, mas com inteligência e responsabilidade. Precisamos nos unir em vez de buscar culpados, ampliar o diálogo para além das próprias instituições, buscar consensos para melhor atender os mais necessitados, fazer valer políticas públicas, ter eficiência na luta contra corruptos, contra sonegadores de impostos e na revisão das isenções fiscais.
É possível e também desejável aproximar a iniciativa privada e as carreiras públicas para, sem protecionismo de um lado e corporativismo de outro, estabelecer diálogos em alto nível, a fim de viabilizar consensos a favor de um desenvolvimento que a todos inclua. O Estado é necessário para cumprir as funções próprias de Estado.