Por Luis Roberto Ponte, presidente da Sociedade de Engenharia do RS
Há um singelo silogismo cuja conclusão é indubitável: 1- Miséria é não dispor dos bens essenciais à vida. 2- São os empreendedores, pequenos ou grandes, que produzem esses bens, oferecem empregos e suprem o erário. 3- Conclusão de 1 e 2: são os empreendedores que podem salvar os miseráveis.
Essa conclusão deveria tornar todos que desejam sinceramente erradicar a pobreza vigorosos defensores dos empreendedores que cumprem a lei com rigor. Todavia, sofismas com aparência de justiça fazem muitos crerem que empresários ricos devem ser banidos porque são fonte de injustiça e de exploração de multidões. Eclodem protestos mundo afora pela crença em sofismas, mas aqui, alvíssaras, aumenta a consciência dos seus males, a ponto de haver fortes manifestações exigindo leis que proibissem benesses aos próprios manifestantes.
É preciso protestar contra os tentáculos dos sofismas que sufocam, impedem ou inibem o trabalho das empresas cumpridoras da lei. Entre eles, o cipoal das intromissões do Estado na vida das pessoas e empresas; as protelações das decisões governamentais; o descumprimento dos contratos; a judicialização e insegurança jurídica; a calamidade financeira do Estado oriunda do empreguismo, das aposentadorias precoces, dos órgãos inúteis, dos privilégios, e da corrupção de cúpulas mancomunadas com grupos econômicos.
Compreendida a essencialidade das empresas para o desenvolvimento, é fundamental atentar que a engenharia é crucial para assegurar saúde, segurança, educação, justiça, infraestrutura, cultura e a extinção da miséria, com seus engenheiros de dezenas de especialidades. No mundo civilizado percebe-se a importância do engenheiro, o que faz seus cursos preferidos. No Brasil, cai a procura pelos cursos das engenharias, um desastre para o futuro do país.
Entre os tentáculos que sufocam a engenharia e reduzem essa procura estão as intromissões dos aparatos fiscalizatórios – nem sempre com o correto conhecimento técnico e atribuição legal –, que desqualificam o saber científico dos engenheiros e os vilipendiam com ameaças de punições, quase sempre sinceramente praticadas em nome do bem e do combate à corrupção, mas eivadas de malefícios que não percebem.
Sendo vistos como eficazes agentes anticorrupção têm o apoio da sociedade, e mesmo sem a legitimidade para se intrometer nas decisões corretas dos organismos executores, os chefes desses organismos não enfrentam essas intervenções, ainda quando flagrantemente equivocadas, e desautorizam deliberações corretas do seu próprio indefeso e digno corpo técnico com ampla capacidade de interpretar e aplicar a técnica e a lei, o que leva, pelo medo da injustiça, à imobilização das ações dos engenheiros – o apagão das canetas – e ao desencanto com a profissão.