O balanço de 2019 indica que o primeiro ano de gestão de Eduardo Leite manteve o Estado no caminho certo, rumo a um indispensável enxugamento de despesas e de reforma estrutural dos gastos com pessoal, calcanhar de aquiles das finanças do Rio Grande do Sul, em situação de crise crônica.
Os gaúchos merecem um Estado que sirva à população, e não, como ocorre preponderantemente hoje, drene praticamente todos os impostos para a manutenção da máquina estatal
A realidade mostrou ao governador, porém, que o desafio de pagar os salários do funcionalismo em dia até o final de 2019, uma das promessas de campanha mais cobradas, exigiria muito mais do que uma mera reorganização da política de fluxo de caixa, como sustentava nos debates eleitorais. Mesmo que no transcorrer do primeiro ano de mandato o chefe do Executivo não tenha conseguido honrar o compromisso, Leite tem o mérito de dar prosseguimento ao espírito reformista do governo de seu antecessor e, com uma base ainda mais ampla na Assembleia, avançar em temas nos quais José Ivo Sartori não logrou êxito. O tucano deu um passo à frente com a aprovação para as privatizações do Grupo CEEE, da Companhia Riograndense de Mineração (CRM) e da Sulgás, ao conseguir que os deputados – agindo de acordo com os interesses da maioria da população – dispensassem plebiscito para vender ou federalizar as três estatais, etapa essencial para a sonhada adesão ao Regime de Recuperação Fiscal da União.
Afeito ao diálogo e com perfil conciliador, Leite obteve ainda êxito na proposta de um novo código ambiental para o Estado. Teve coragem para, sem arroubos desnecessários ou gestos de confronto pelo confronto, enfrentar corporações, como mostra o embate renhido com grande parte do funcionalismo em torno da discussão sobre o duro mas necessário pacote que reestrutura carreiras e aposentadorias dos servidores do Estado. Em outra área sensível para os gaúchos, a segurança, os índices de criminalidade seguem caindo, numa evidência de que as novas estratégias postas em prática no governo Sartori estavam no rumo certo.
O governador gaúcho, que alcançou destaque nacional e chega a ser apontado como potencial rival do colega paulista João Doria no PSDB para pretensões eleitorais maiores, tem de vencer uma série de desafios em 2020 se pretender, de fato, se firmar como um novo líder no tabuleiro da política nacional. Mesmo em um Estado à beira do colapso financeiro, sem dinheiro para investimentos ou para qualificar a saúde e a educação, terá de entregar mais resultados em saúde, educação e segurança, essenciais para a qualidade de vida e o futuro dos que aqui vivem e viverão. As privatizações, por enquanto, são apenas planos. Os projetos de concessões de rodovias e parcerias público-privadas em áreas como presídios e infraestrutura seguem no papel. É preciso que se materializem e, ao lado de outras iniciativas que enxuguem e modernizem a máquina pública, coloquem o Rio Grande do Sul outra vez no rumo do desenvolvimento. Para isso, os gaúchos merecem um Estado que sirva à população, e não, como ocorre preponderantemente hoje, drene praticamente todos os impostos para a manutenção da máquina estatal.