Por Daniel R. Randon, presidente e CEO das Empresas Randon
Cresce exponencialmente o negócio da informação no mundo da convergência das mídias. O fato pode ser constatado em todas as áreas de atividade e em qualquer esfera mundial de poder. É a concretização, cada vez maior, do consagrado conceito de aldeia global, há muito antevisto pelo filósofo canadense Herbert Marshall McLuhan. E que se acelerou, vertiginosamente, encurtando distâncias e promovendo o progresso tecnológico dos continentes.
A aproximação de diferentes mundos, por meio da tecnologia, também gerou conflitos relevantes. A informação virou moeda de grande valor para as Nações. Um papel já desempenhado pelo petróleo e pelas armas ou, ainda, pela capacidade de produção de aço ou de automóveis no século passado. Vide caso recente da prisão da executiva da Huawei, que acabou intensificando o conflito entre Estados Unidos e China na disputa pela supremacia tecnológica. Os americanos sabem o que representa, nesta guerra pela informação, a ameaça da maior fabricante mundial de smartphones e equipamentos de rede. Também não desconhecem o potencial chinês na liderança em setores estratégicos como chips, eletrificação de veículos automotores e robótica.
O duelo entre titãs não é um ato isolado. A disputa deixa lições importantes e deve servir de aprendizado para o Brasil, que está em vias de ganhar legislação específica. A Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), com previsão de entrar em vigor em agosto de 2020, prevê pesadas multas para o descumprimento das regras. O assunto é complexo, exigindo que as companhias estabeleçam políticas claras de ética e compliance, criptografia de dados, consentimento em relação à biometria facial e dados, aos quais o usuário está exposto.
Vale lembrar que o preço a se pagar vai muito além de multas. Uma ocorrência de vazamento de informações, na maioria dos casos não intencional, além de danos às pessoas, pode causar uma crise de reputação irreparável para a organização. Por isso, para que a informação seja uma moeda de valor e não um passivo, temos que sair da defensiva e atuar na estruturação de um sistema capaz de garantir a privacidade das informações corporativas e a própria governança da empresa, além de prevenir perdas decorrentes de fraudes.