Por Daniel R. Randon, presidente e CEO das Empresas Randon
Apesar dos contrastes sociais, dos deficientes serviços básicos no Brasil e do "loop" de negativismo ainda vivenciado por alguns setores, é animador constatar que as empresas privadas enfrentaram os obstáculos e se prepararam para crescer. Exemplo disto pôde ser visto nesta Fenatran, a maior feira do transporte de cargas da América Latina, encerrada na sexta-feira, em São Paulo. Foi surpreendente o número e o nível de inovações apresentadas pelo conjunto das consagradas marcas dentro dos modernos conceitos de mobilidade e de conectividade, envolvendo veículos autônomos movidos a biodiesel, hidrogênio ou a eletricidade. E em sintonia com a sustentabilidade ambiental.
Em um movimento em cadeia, ficou demonstrada a confiança de governos, entidades de classe e empresários do setor no futuro de quem produz e acredita no Brasil. Após três críticos anos de crise, que reduziram a atividade a um terço, as empresas reagiram com respostas efetivas e inovadoras. Trataram de desenvolver soluções disruptivas, como muitas apresentadas na Fenatran, traduzidas em produtos mais adequados às necessidades.
Também estamos animados com a lenta e gradual recuperação econômica originada por uma série de outros fatores. Além das sucessivas safras recordes de grãos, que historicamente têm sido âncoras-verdes na recuperação, a queda das taxas de juros nominais é uma realidade cada vez mais presente. Paralelamente, os índices inflacionários demonstram estar sob controle, contribuindo diretamente para um cenário de estabilidade, condição para atrair mais investimentos.
Como protagonistas da economia de mercado, esperamos que os governos, como indutores do crescimento, façam a sua parte, com as reformas da previdência, administrativa e tributária, com um estado menor e menos intervencionista. É preciso, entre outras medidas, modernizar as leis arcaicas, que não combinam com os novos modelos de negócios e com as atuais relações de trabalho. É necessário estabelecer marcos regulatórios eficientes e claros, de modo a dar suporte a um desenvolvimento mais sólido e duradouro, que recoloque o Brasil entre as Nações mais competitivas. Somente com investimentos e geração de empregos que podemos reduzir a miséria e a desigualdade social de forma sustentável.