Por Ubiratan Antunes Sanderson, deputado federal (PSL-RS)
A maioria dos países democráticos permite candidaturas independentes, sem submissão partidária. São poucos os que insistem na obrigatoriedade da filiação como condição para a candidatura. Além do Brasil, Cuba, Argentina, Venezuela, África do Sul e Camboja fazem parte desse grupo.
Aqui parece haver um distanciamento entre os partidos políticos e o interesse coletivo. Norteadores como democracia, transparência, ideais, plataformas de políticas públicas e isonomia no uso do controverso fundo eleitoral foram abandonados pela maioria das legendas. Os intermináveis escândalos de corrupção envolvendo partidos atestam que o sistema político, que ainda sustentamos, ruiu.
Nas últimas campanhas eleitorais, candidatos chegaram a omitir o nome do próprio partido no material gráfico de divulgação, o que poderia ser ilógico, mas acaba mostrando que, hoje em dia, está claro que associar nomes a partidos políticos pode ser algo muito negativo. Alguns foram bem ostensivos nessa negação, como é o caso dos partidos que trocaram de nome para, estrategicamente, excluir a palavra "partido" das siglas: Avante, Patriota, Novo, Solidariedade, Republicano.
Enquanto acompanho de perto a vida político-partidária, percebo o arcaico autoritarismo vigente. Velhos caciques fazem o que bem entendem com os recursos públicos destinados às siglas. Tal é o poder, que "esses donos" dirigem até o processo legislativo do país, ao colocar e retirar parlamentares em comissões e postos de comando nos Legislativos, conforme o interesse pessoal.
Reformar esse tacanho sistema, velho e fraudulento, é obrigação não só dos congressistas, mas sobretudo de todos os brasileiros. A tarefa é difícil e implica a liberação de candidaturas independentes, o fim do voto obrigatório, a limitação das reeleições, o fim do fundo partidário e o voto distrital, acompanhado, obviamente, de uma mudança no sistema proporcional de votos para eleição de vereadores e deputados. Tenho convicção de que essas medidas mitigariam o poderio abusivo dos partidos e, como consequência, marcariam o início da verdadeira Nova Política.