Por Michel Gralha, advogado
A vida do brasileiro é muito complexa. Sempre que ouço aquela máxima de que o “Brasil não é para amadores” penso na profundidade de seu significado sob dois aspectos: no desafio que é ser brasileiro e na barreira de entrada natural que o país impõe àqueles estrangeiros que querem fazer ou trazer seus negócios. Há seis anos, quando ainda tínhamos receio de uma “Venezuelização”, ouvi de um ministro do Supremo, durante uma palestra, que o grande valor do Brasil era a solidez das suas instituições.
Na época, foi um grande alento, saímos bastante aliviados. Hoje, com as inúmeras notícias que temos e a abertura de bastidores, repenso sobre o tema com pesar. Para a sociedade, como é difícil saber o que esperar das nossas instituições. Quando pensamos que as coisas estão indo para o caminho certo, que o Brasil está se ajeitando, espalham-se notícias inimagináveis de interesses escusos daqueles que deveriam ser isentos e lutar por nossos direitos, fazendo justiça com imparcialidade e respeito ao devido processo legal. Triste e desnecessário! Em época de fake news não sabemos mais em quem ou no que acreditar.
Então, ainda na “máxima”, esqueçamos tudo isto e foquemos nas nossas vidas! Hoje olhamos para o mercado e notamos alguma reação, mas nada relevante. Torcemos para que a médio prazo estejamos em uma crescente. Torcemos, em meio à crise, para que os investidores estrangeiros olhem para nós como um país de oportunidades e tragam seus recursos para geração de nossas riquezas. Mas aí vem o problema cultural somado às questões da nossa enorme insegurança jurídica.
Problema cultural herdado pela socialização das nossas mentes com a ideia de que o capitalismo estrangeiro é um monstro e que estão querendo levar o que é nosso, como se isso não trouxesse um enorme benefício à economia; e também mercadológico, tendo em vista a dificuldade de compreensão das nossas leis e as “formas legais” de destruição de qualquer anseio empreendedor. Panorama desafiador! Necessitamos apontar nossas fragilidades para repensá-las. Temos inúmeras virtudes, mas precisamos reavaliar nossas dificuldades que continuam impedindo o nosso crescimento e transformando a nação em uma eterna promessa.