A nova operação da Polícia Federal (PF) no Vale do Sinos contra empresa que atuava de forma fraudulenta em um esquema de pirâmide e alegadamente era do ramo de criptomoedas mostra que, apesar dos reiterados alertas de órgãos reguladores e da imprensa, a promessa de ganhos fáceis, rápidos e altos segue fazendo vítimas. São pessoas que, muitas vezes, na vã esperança de uma grande tacada, perdem um patrimônio vultoso acumulado ao longo dos anos, levando os sonhos a se transformarem em pesadelo. Espera-se que, agora, depois de o segundo grupo de trapaceiros ser desarticulado em tão pouco tempo no Estado, os interessados nesse tipo de aventura financeira perigosa fiquem mais atentos.
Se a oferta parece ser boa demais para ser verdade, possivelmente não é
Em maio, a PF desarticulou o esquema da inDeal, com sede em Novo Hamburgo. Ontem o alvo foi a Unick, na vizinha São Leopoldo, que prometia 100% de lucro em apenas seis meses, um chamariz sedutor para convencer os mais incautos a correr um risco elevado que normalmente não termina bem. Com um pouco de propaganda boca a boca dos primeiros que conseguem algum retorno – artimanha tão antiga quanto o próprio golpe – e técnicas de encantamento e persuasão facilitadas pelos meios virtuais, os embusteiros montam a pirâmide que não tarda a ruir.
A recomendação das autoridades não é nova, mas precisa ser reforçada: deve-se sempre desconfiar da promessa de rendimentos vertiginosos. No mercado legalizado de criptomoedas, há possibilidade de lucro elevado, mas da mesma forma existe o perigo de perdas gigantescas, pela típica alta volatilidade do ativo. Ou seja, inexiste garantia do retorno esperado.
O primeiro passo para diminuir a possibilidade de cair em golpe do gênero é averiguar junto aos órgãos reguladores o histórico da empresa que propõe o investimento para verificar se ela é idônea e está habilitada a oferecer o produto que propagandeia. É o que pode ser feito no portal da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), onde o investidor se certifica se a corretora, gestora de fundos ou consultoria está cadastrada na autarquia federal e, ainda, se há alerta emitido em relação à companhia. Era o caso da própria Unick, que ainda em março do ano passado era motivo de preocupação dos reguladores do mercado. Informar-se bem é o primeiro passo para se defender de trambiqueiros. Como adverte a própria CVM, se a oferta parece ser boa demais para ser verdade, possivelmente não é.