Por Juliana Rondon, psicóloga e coaching de carreiras
Temos convivido com altíssimos índices de adoecimentos emocionais oriundos de sofrimento no trabalho. Depressão, síndrome de Burnout e transtornos de ansiedade são cada vez mais diagnosticados. As situações de pressão extrema, crises, climas organizacionais indigestos, líderes cruéis, equipes desconectadas e competitivas são alguns dos gatilhos. Mas tudo isto só se torna sofrimento patológico quando estamos frágeis e não temos segurança suficiente sobre quem somos e o que somos capazes de conquistar.
Trabalhar sem estar conectado a objetivos de vida também nos adoece. O famoso 'propósito' nada mais é do que a própria vida: ter um papel laboral que seja congruente com nossa existência como um todo. O ser humano compreende hoje que não há separação entre vida profissional e pessoal. Queremos ter orgulho e amar o que fazemos.
Porém, nesse novo mundo do trabalho, tudo é volátil e complexo. E este contexto caótico é muito pesado, independente do seu nível hierárquico ou do título profissional que se carrega, já que a volatilidade e o alto nível de cobrança estão presentes na rotina. No entanto, o vilão desta história não é o mercado, muito menos os chefes. Os vilões somos nós mesmos, quando negamos esta realidade e seguimos tratando o trabalho puramente como trabalho, com foco na tarefa diária, nas escolhas com puro objetivo de recompensas a curto prazo. O que nos traz segurança é a sensação de estarmos certos, de termos feito boas escolhas. E estes sentimentos alimentam nossa autoestima e nos trazem energia – a famosa motivação.
Ter uma identidade profissional é ter sonhos ligados ao que se faz, não somente ao dinheiro ou recompensa concreta. Quando sentimos que temos um conhecimento específico, que nos torna diferenciados e importantes no trabalho, e que nossa vida está interligada, encontramos nossa identidade. E esta sensação nos fortalece emocionalmente, nos tornando capaz de aguentar os desafios que são inerentes às carreiras e à vida adulta.