Por Gabi Chanas, jornalista
É menos sobre o imaginário das histórias apaixonadas de príncipes e princesas: o segredo do frisson pela família real britânica fala e se comporta como plebeu.
Vai para a Princesa Diana o crédito pelo início do fascínio desenfreado. Ela era a mulher real dentro da família real. Meiga, tímida e acessível, escancarou as portas para um novo jeito de ver a realeza. O público gostou, a imprensa idem. O comércio viu uma brecha para vender Londres sob novos olhos. Diana casou, teve filhos e viveu o escândalo de uma traição. Acabou morrendo vítima de uma exposição pública que nunca pediu para receber, mas não conseguiu se livrar. Os filhos da princesa, pequenos órfãos, eram simpáticos, engajados em causas sociais e próximos do povo como a mãe: viraram o novo alvo.
Em 2011, tomei alguns chopes de graça em pubs de Londres. Rodadas de bebida por conta da casa eram oferecidas para celebrar o casamento do mais velho, William, com a namoradinha dos tempos de colégio, mais uma vez sem sangue azul. Exemplo de fascínio em nível máximo: o estilo de renda aplicado no vestido de noiva de Kate Middleton esgotou na pronta entrega do Reino Unido em menos de uma semana. Meghan Markle, esposa do caçula Harry, segue a história da realeza gente como a gente: afro-americana, divorciada, atriz, fashionista e com milhões de seguidores nas redes sociais, foi turbinada pelo interesse gerado por milhões de likes. Suas roupas, joias, sapatos e bolsas esgotam em segundos nas lojas depois de cada aparição (a brasileira Vert Shoes viu suas vendas serem catapultadas assim que Meghan surgiu na Austrália usando um tênis vegano criado pela marca). Em Windsor, em 2018 (sim, eu viajei para cobrir também o segundo casamento real), um comerciante me revelou que vendeu na semana do royal wedding o equivalente a negócios feitos em sete meses.
Eu mesma sou uma prova desse fascínio. Além de ter ido a Londres ver de camarote os casamentos (não dentro da igreja, como convidada, como pensava minha mãe, que se ofereceu para bordar paninhos de prato para os noivos), ainda gasto alguns dólares com souvenirs. Exagero? Não vejo assim. Todo mundo tem um hobby. O meu fala inglês britânico e me permite viajar para dar conta de uma paixão.