Por Cassiano Fuga Cunha, advogado
A détente dos países sul-americanos em relação à ditadura venezuelana (persistindo com a tradicional política de manter tudo como sempre está) pode custar mais caro do que intervir, tanto em vidas quanto em dinheiro brasileiro. Tudo o que é dito hoje em relação à intervenção militar na Venezuela foi sustentado na época da Segunda Guerra, quando o Brasil decidiu formar a FEB. Diziam que era mais fácil uma cobra fumar do que o Brasil montar uma tropa para lutar na Europa.
Ante o desempenho da FEB na Itália, ofereceram ao Brasil participar da ocupação da Alemanha. O governo brasileiro recusou a oferta, arcando com os custos do não investimento e da burrice. O Brasil ficou com o primeiro discurso da Assembleia Geral das Nações Unidas, e a primeira presidência da ONU, pelo gaúcho Oswaldo Aranha, que deu o voto de Minerva para criação do Estado de Israel.
Portugal e Espanha espertamente ficaram fora da Guerra. Salazar e Franco continuaram no governo mais 30 anos. E os países ibéricos até hoje pagam o preço do atraso da manutenção de governos fascistas até os anos 1970.
Esta semana Guaidó partiu para a ofensiva. Quem nos bastidores disse que ia aderir, quando as cortinas se abriram não entrou no palco. Mas o teatro segue em operação. Talvez seja tudo uma questão de acertar o cachê. Para Maduro, resistir é vencer. A ditadura precisa ser derrubada porque é a coisa certa a fazer. Se cair sem invasão, melhor ainda. Mas, se não cair, todo o elenco disponível tem que entrar, com força militar, para que os venezuelanos parem de morrer e antes que o Putin mude de ideia, e decida assegurar mais um enclave nas Américas, além de Cuba, e como fez na Síria.