Entre avanços e recuos, o governo Jair Bolsonaro completa um mês no rumo certo particularmente ao demonstrar compreensão sobre o fato de que, sem uma reforma da Previdência, não terá como contemplar as expectativas criadas em relação a sua administração, que se mantêm elevadas. E as mudanças nessa área terão que ser amplas, alcançando a todos, indistintamente. O compromisso do Planalto de enviar o texto ao Congresso ainda neste mês, a tempo de aprová-lo já no primeiro semestre, é promissor para o país. A perspectiva de equilíbrio fiscal é um pressuposto para a retomada do crescimento.
A nova administração revela prudência ao apostar antes no equilíbrio financeiro para, a partir daí, definir um plano de governo claro. O presidente da República, igualmente, age certo ao voltar atrás em questões polêmicas, ou ao atenuar excessos em discursos como os relacionados à área ambiental. Em sua primeira aparição internacional, em Davos, demonstrou bom senso ao admitir a possibilidade de o país continuar no Acordo de Paris, que define compromissos internacionais sobre o aquecimento global. Chama a atenção, igualmente, a agilidade demonstrada pela equipe de governo para enfrentar a tragédia de Brumadinho, que tende a levar a uma revisão das manifestações durante a campanha eleitoral nessa área.
Falta ainda maior clareza sobre os planos do novo governo e sobre o que constitui realmente prioridade num país com as finanças do setor público em desequilíbrio e a economia estagnada. A indefinição preocupa mais numa área como a educação, que é a chave do desenvolvimento.
Um mês depois da posse, o governo federal precisa se mostrar capaz, agora, de aprovar a nova Previdência no Congresso. Por isso, precisa agir com o máximo de transparência, procurando evitar que eventuais desgastes, resultantes de denúncias para as quais não há respostas consistentes, venham a prejudicar a tramitação dos ajustes, como ocorreu com o governo que veio a suceder. Os parlamentares que integram a nova legislatura igualmente têm um papel importante nesse processo, pois darão a palavra final sobre as mudanças. A sociedade tem o dever de ficar atenta a esse processo, para que o país não perca essa oportunidade de mudar em favor de todos.