Por Bruno Eizerik, presidente do Sindicato do Ensino Privado do RS (Sinepe/RS)
O Projeto Escola sem Partido é polêmico e desnecessário. Tenho convicção de que nenhuma escola tem partido, tem sim linha pedagógica. Então por que criar uma lei sobre isso? Quem são os personagens influenciados por essa proposta?
O primeiro deles é a escola. As instituições de ensino em nosso país, salvo se estivéssemos em uma ditadura, onde a escola é única e do partido, tem obrigação de ser plural. Inclusive, esta é uma das principais bandeiras do Sinepe/RS, a defesa intransigente da liberdade de ensinar. Não me parece que este projeto tenha alguma relação com a postura de nossas escolas.
A família, outro personagem envolvido, tem uma função muito mais importante do que a da escola, a de educar. O aluno que não é educado não pode ser ensinado. Não me parece também que a Escola sem Partido tenha alguma correlação ou venha influenciar em algum comportamento da família brasileira.
Os alunos são os personagens principais da escola. Eles não são assim tão indefesos, pois trouxeram a educação de casa e têm sempre a guarida de sua família. Assim, a Escola sem Partido não faz o mínimo sentido para eles também. Por fim, mas não menos importante, temos o professor. O docente que trouxer sua convicção política para dentro da sala pode ser qualquer coisa, menos um professor. Não acredito que um cartaz em sala de aula vai transformar um doutrinador em professor. Desta forma a grande maioria de nossos professores também não são sujeitos da Escola sem Partido.
Fica claro que os protagonistas na luta pela Escola sem Partido não têm qualquer relação com o ensino ou a educação de nossos jovens. Não me parece que este assunto mereça a relevância que está sendo dada. Precisamos, sim, tratar de assuntos mais importantes e o primeiro deles é como investir na formação de nossas crianças e jovens, começando pela Educação Infantil. Desvios sempre vão ocorrer, mas se para cada desvio criarmos uma lei continuaremos a ser o país das leis que não "pegam".